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Para 70% dos brasileiros, aquecimento global os prejudicará muito, mostra pesquisa

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Quase três quartos (70%) da população brasileira acham que o aquecimento global pode prejudicar muito a eles mesmos e às suas famílias, aponta uma pesquisa do Ipec divulgada nesta sexta-feira (16). Os dados mostram ainda que 90% acreditam que estão ocorrendo mais desastres climáticos e que 52% estão muito preocupados com o meio ambiente.

O levantamento “Mudanças climáticas na percepção dos brasileiros 2022” foi encomendado pelo ITS (Instituto Tecnologia e Sociedade) e ouviu, por telefone, 2.600 pessoas de todo o país, com 18 anos ou mais, de 25 de novembro de 2022 a 26 de janeiro de 2023. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.

Os resultados foram divulgados no mesmo dia em que um ciclone extratropical, com ventos de até 200 km/h, atingiu o Rio Grande do Sul, causando ao menos três mortes, alagamentos, bloqueio de estradas e falta de luz.

Ainda que seja alta, a taxa de pessoas que consideram que elas e suas famílias podem ser muito impactadas pela crise climática caiu no último ano, já que era de 75% em 2021.

Ao mesmo tempo, o índice de quem acha que será “mais ou menos” prejudicado foi de 13% naquele ano para 17% em 2022. O percentual dos que acreditam que sofrerão pouco ou nenhum prejuízo variou dentro da margem de erro: foi de 8% para 9% e de 3% para 4%, respectivamente.

Mais de 80% dos entrevistados veem mudanças na ocorrência de fenômenos naturais, como na frequência de chuvas e desastres ambientais, como uma consequência do aquecimento global. Esse número cai, porém, quando questionados sobre os aumentos na conta de energia elétrica (66%) e no preço dos alimentos (56%) terem relação com a crise do clima.

Apesar de preocuparem a maioria dos brasileiros, as questões relacionadas ao meio ambiente caíram em nível de preocupação de 2021 para 2022, indo de 61% para 52%.

No mesmo período, também variou para baixo o índice do quão importante os entrevistados acreditam que seja preservar a natureza, em relação a ganhos econômicos.

Em 2022, 74% consideravam mais importante proteger o meio ambiente, mesmo que isso signifique menor crescimento econômico e menos empregos, frente a 77% em 2021. Enquanto isso, o número dos que priorizam promover o avanço da economia e do mercado de trabalho, mesmo prejudicando o meio ambiente, foi de 13% para 17%.

A taxa de quem se diz muito preocupado com o meio ambiente é maior entre mulheres (58%), aqueles de posição política mais à esquerda (63%) e maiores de 45 anos (58%).

“A queda na preocupação em relação à edição anterior veio no mesmo timing da mudança de governo, o que pode indicar que pessoas estão menos preocupadas por terem mais confiança que [esse tema] será uma prioridade [da gestão de Lula], mas isso verificaremos com o tempo”, opina Fabro Steibel, diretor-executivo do ITS.

Os dados apontam também a influência que a preocupação com a saúde do planeta pode ter nas urnas. Em 2022, metade dos brasileiros disse já ter votado em algum político em razão de suas propostas para defesa do meio ambiente –um crescimento de cinco pontos percentuais em relação a 2021.

A pesquisa mostra ainda que 94% dos entrevistados acreditam que o aquecimento global está acontecendo, e 74% afirmam que ele é causado principalmente pela ação humana. Outros

12% acham que a crise climática se deve a mudanças naturais e 12% a ambos.

“É uma proporção bem alta que atribui à ação humana o aquecimento global”, avalia Rosi Rosendo, diretora de inteligência e insights do Ipec. “A pesquisa também confirma que uma grande parcela da população identifica os governos como agentes que podem contribuir mais para reduzir os problemas do aquecimento global.”

Para dois terços dos entrevistados, os governantes (36%) e as empresas e indústrias (32%) são os principais responsáveis por resolver as mudanças climáticas, enquanto 23% afirmam que quem mais pode contribuir são os cidadãos e 8%, as ONGs voltadas à temática ambiental. Dois por cento não souberam ou não responderam.

O projeto Planeta em Transe é apoiado pela Open Society Foundations.

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