Brasil

Após Lula defender regime de Maduro, Tebet diz que Venezuela não é democracia

SÃO PAULO (Reuters) – A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse nesta sexta-feira que a Venezuela não tem um governo democrático, um dia depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defender o regime do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e afirmar que o conceito de democracia varia de pessoa para pessoa.

Em entrevista à GloboNews, a ministra foi indagada sobre as declarações de Lula, dadas na véspera em entrevista à Rádio Gaúcha, e evitou comentar diretamente o que disse o presidente, afirmando não saber em que contexto ele fez as afirmações. Indagada diretamente sobre qual sua visão sobre a Venezuela, no entanto, disse que não enxerga o país como uma democracia.

“Eu tenho uma visão particular sobre o governo da Venezuela, que é um governo que não respeita os direitos fundamentais, os direitos da liberdade de expressão, o direito do cidadão poder ir e vir, poder fazer suas críticas ainda que construtivas ao governo”, disse.

“E, para mim, quando você tem um governo que impeça esse tipo de direito, que é previsto e que é absoluto para uma democracia, você não tem um governo democrático.”

Sobre a fala de Lula, que disse que o conceito de democracia varia de pessoa para pessoa, Tebet assegurou que ela e o presidente têm o mesmo conceito de democracia, e por isso ela o apoiou no segundo turno da eleição presidencial do ano passado, após terminar o primeiro turno na terceira posição.

“Posso garantir que eu e o presidente Lula temos o mesmo conceito de democracia. Democracia é um direito fundamental, absoluto e irrevogável do povo brasileiro e é isso que importa. Democracia é o direito de ir e vir, o direito de ir às urnas votar, o direito do povo brasileiro se expressar e obviamente poucas são as limitações na democracia”, disse.

“A única (limitação), e basicamente a mais importante e, aí sim, absoluta é: ninguém pode atentar contra a democracia e sair impune”, afirmou.

Em entrevista à Rádio Gaúcha, Lula foi questionado sobre se a Venezuela é uma democracia e respondeu que o país vizinho tem mais eleições que o Brasil. O entrevistador então afirmou que eleições não são garantia de democracia, ao que Lula respondeu: “Deixa eu lhe falar uma coisa, o conceito de democracia é relativo para você e para mim”.

Mais tarde, e após uma grande repercussão de sua fala à emissora de Porto Alegre, Lula usou seu discurso em um evento do Foro de São Paulo, que reúne partidos e entidades de esquerda da América Latina, para afirmar que a democracia não é um pacto de silêncio e sim uma sociedade em movimento. Disse ainda ser preferível governantes do campo progressista do que da direita, mesmo quando comentem erros.

Recentemente, Lula foi criticado por, ao receber Maduro com honras de chefe de Estado no Palácio do Planalto, classificar de “narrativas” as denúncias de violações de direitos humanos, perseguição a opositores e fraudes em eleições feitas por entidades de defesa dos direitos humanos e membros da comunidade internacional contra o governo Maduro.

(Por Eduardo Simões)

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