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Veja dicas para conseguir um emprego após os 50 anos

Trabalho Emprego Carteira

Veja dicas para conseguir um emprego após os 50 anos Mais da metade da força de trabalho brasileira será de maiores de 40 anos em 2060.

Conquistar uma vaga de emprego não está fácil para ninguém, mas, para quem tem mais de 50 anos, a tarefa é ainda mais difícil. Especialistas lembram que, diante do avanço das novas tecnologias, o mercado de trabalho exige, cada vez mais, diferentes habilidades e qualificações. Mas é possível correr atrás do que é exigido. Para isso, o EXTRA ouviu especialistas e listou ações que aumentam a empregabilidade (veja abaixo).

Os dados do Censo 2022, divulgados pelo IBGE na semana passada, mostraram que o crescimento da população brasileira está desacelerando mais rapidamente do que o esperado. E a força de trabalho também envelhece, o que deve obrigar as empresas a olhar com mais atenção para os profissionais mais experientes. A mão de obra do país encerrou o ano passado com idade média de 38,8 anos, uma alta de pouco mais de 2 anos em relação a 2012, quando era de 36,9 anos. Segundo estudo inédito do economista especialista em políticas públicas Rogério Nagamine, essa média atingirá 42,1 anos em 2060, quando os brasileiros com mais de 40 anos serão mais da metade (54,4%) dos ocupados no país.

Se as empresas precisarão cada vez mais contratar profissionais mais maduros, é importante que se preparem para atender às exigências do mercado de trabalho. Outro desafio é o etarismo: as companhias ainda associam a maior idade a falta de produtividade ou resistência à tecnologia, o que é um equívoco. Profissionais devem lançar mão de estratégias para driblar o desafio dos estereótipos.

Em tempos de inteligência artificial e substituição da mão de obra qualificada, essa pode também ser uma preocupação para profissionais mais experientes.

— A capacidade de reinvenção da carreira e as soft skills (habilidades sociais) não serão facilmente replicáveis pela inteligência artificial, o que é mais um motivo para a inserção do profissional mais velho, que vivenciou um mundo sem internet e teve que enfrentar desafios e transições ao longo de sua longa jornada profissional — avalia Mauro Wainstock, sócio-fundador do HUB 40+, consultoria empresarial focada nesse público.

Comunicação melhor

Pesquisa inédita da Maturi, empresa especializada em capacitação, mostra que, dos 6 mil profissionais com mais de 50 anos cadastrados na plataforma, só 29% estão aposentados. Mesmo a grande maioria dizendo-se preparada para a recolocação no mercado, quase 40% estão desempregados há mais de dois anos.

Prestes a completar 60 anos, Marcelo Gouveia não esconde a felicidade em ter a carteira assinada na sua idade. Com mais de 20 anos de experiência no setor de inspeção e fraudes em instituições financeiras, foi demitido em 2019 após seis anos numa seguradora: era “velho demais”, diz. Em 2021, encontrou uma oportunidade no setor: trabalha como analista de prevenção a fraudes no Banco BMG.

— Busco sempre me atualizar. Não me vejo parado. Enquanto estiver com saúde e condição, eu produzo e quero seguir em frente — afirma.

O BMG percebeu melhora no atendimento ao cliente depois de desenvolver programa com foco na contratação de pessoas acima de 50 anos, voltado para uma empresa terceirizada que presta serviço de telemarketing para o banco. De lá pra cá, contrataram 36 pessoas. A visão geral é de que, embora o tempo de ligação tenha aumentado, a comunicação com o cliente melhorou.

— Essa pessoa que tem mais de 50 anos fala o mesmo idioma do cliente, tem mais paciência para explicar o procedimento e gera mais empatia — diz Rosana Aguiar, gerente-executiva do BMG.

Aposentadoria? O plano é trabalhar mais

Isabel de Jesus Souza, de 55 anos, trabalha numa padaria perto de casa, em Marechal Hermes, na Zona Norte. A sergipana, que veio para o Rio de Janeiro em busca de trabalho, começou em uma lanchonete. Depois, passou 17 anos numa padaria e foi, então, contratada pelo local onde trabalha há 16 anos: ingressou como operadora de caixa e foi subindo de cargo. Atualmente, ela é subgerente. Como sempre teve carteira assinada, agora se prepara para dar um passo que muita gente sonha: a aposentadoria. Isabel deu entrada na papelada em abril. Está feliz, mas não vai parar de trabalhar:

— É uma coisa mágica ter um trabalho — afirma Isabel.

Em vez de descanso, os planos que ela faz para a aposentadoria são diferentes. Com tempo livre e renda garantida, planeja começar um curso de maquiagem para iniciar uma nova profissão. Sempre quis ser maquiadora. Isabel acredita que, na sua idade, ainda tem muito para produzir. E ela sonha alto:

— Pretendo montar um estúdio de maquiagem para ter o meu próprio negócio. Você não pode parar de trabalhar, porque só assim você cresce.

Evolução acelerada — Foto: arte

Idade média — Foto: arte

Confira as dicas!

Sócio da consultoria HUB 40+, Mauro Wainstock listou dicas para profissionais mais experientes se reinserirem no mercado de trabalho.

Para quem busca Emprego

1. Aprendizado contínuo

Os trabalhadores de 40 anos ou mais precisam entender que as formas de trabalho estão em constante mutação. O tripé “educação-emprego-aposentadoria” já virou obsoleto. Características que antes eram seletivas hoje são obrigatórias.

— Costumo dizer que aprendemos com tudo e com todos o tempo todo, seja através de cursos, palestras e lives, muitas das quais gratuitas na internet, seja com pessoas do nosso dia a dia, que possuem realidades e vivências diversas das nossas — diz Wainstock.

2. Exercite o autoconhecimento

O profissional precisa exercitar permanentemente o autoconhecimento, estando atento para a sua valiosa bagagem, acumulada em vários anos de carreira, seu potencial e seus diferenciais.

— A reinvenção não precisa começar aos 40 anos, mas quando ele quiser. Abraçar uma nova carreira pode ser sempre uma alternativa — diz.

3. Aprimore suas habilidades reais

Esteja sempre atualizado e busque ter autogestão, adaptabilidade e ser cada vez mais assertivo na comunicação. Essas características passaram a ser exigências e não mais vantagens competitivas. Tecnicamente, o profissional deve ser um “solucionador de problemas”.

4. Saiba dominar novas tecnologias

Estar em dia com as ferramentas digitais mais utilizadas é indispensável. Isto é inevitável tanto para a sua adequada participação em dinâmicas e entrevistas on-line, como para o próprio trabalho, que está sendo executado de forma cada vez mais remota.

5. Tenha um perfil no LinkedIn

Essa é a maior rede profissional do mundo que, só no Brasil, possui 63 milhões de usuários. Ela possibilita transmitir e absorver conhecimentos, fortalecer a reputação e o sobrenome real, além de aprofundar e multiplicar relacionamentos, ampliando a possibilidade de o profissional se tornar referência em seu segmento.As empresas também precisam se preparar para receber profissionais mais maduros. Veja as dicas do especialista:

Para quem contrata

1. Conscientização

O primeiro passo é a empresa ter consciência de que este movimento da longevidade é global e que a experiência profissional, acumulada de forma real ao longo dos anos, é um diferencial extremamente valioso. A partir deste olhar, ações efetivas devem ser aplicadas, seja em contratações via CLT, seja através de projetos, mentorias e consultorias pontuais que valorizem a maturidade, o conhecimento e o equilíbrio dos 40+.

2. Liderança engajada

A liderança deve se engajar efetivamente e mobilizar a equipe para o entendimento de que a integração geracional genuinamente harmônica vai propiciar debates mais enriquecedores, soluções mais criativas, uma cultura organizacional inclusiva e riscos mitigados, resultando, no final das contas, em uma marca empregadora mais fortalecida e em resultados financeiros mais pujantes.

3. Treinamentos contínuos

Os dirigentes da empresa devem estimular palestras de sensibilização institucional, promover treinamentos contínuos para atingir todos os níveis da organização e criar iniciativas concretas que incentivem o respeito mútuo e o combate ao etarismo, como guias com terminologias inapropriadas que devem ser evitadas.

4. Projetos de integração

Ideias que também vêm ganhando cada vez mais espaço são as mentorias intergeracionais, em que os participantes aprendem e ensinam simultaneamente, e a formação de squads que envolvem a pluralidade de opiniões e contribuem para a busca de soluções mais assertivas e sólidas na medida em que propiciam discussões profundas e diversificadas.

5. Inclusão personalizada

Também é necessário estabelecer práticas inclusivas, como programas de desenvolvimento de carreira, flexibilidade de horário e local de trabalho, levando em consideração os desejos e funções específicas de cada um. Fonte: Extra Globo

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