Brasil

Função do presidente do BC não é só atingir meta de inflação, mas também gerar empregos, diz Lula

Por Patricia VilasBoas e Fabricio de Castro

SÃO PAULO, (Reuters) – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar na noite desta quinta-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e o nível da taxa básica Selic, atualmente em 13,75% ao ano.

Em entrevista à Record TV, Lula defendeu que a função do presidente do BC não é apenas atingir a meta de inflação, mas também gerar empregos e fazer a economia crescer.

“No caso do atual presidente do Banco Central, o BC tem autonomia, ele foi indicado por um outro governo e foi aprovado pelo Senado, ele está lá, ele tem uma função”, disse Lula. “Mas a função dele não é só atingir a meta de 3,25% que ele estabeleceu, a função dele também é gerar empregos, e a função dele também é fazer a economia crescer”, completou.

A meta de inflação perseguida pelo BC para o ano de 2023 é 3,25%, como citado por Lula. No entanto, a definição da meta não cabe apenas a Campos Neto, como dirigente do BC, mas também aos demais integrantes do Conselho Monetário Nacional (CMN) — o ministro da Fazenda e o titular do Ministério do Planejamento.

Lula disse ainda que Campos Neto “tem que ter responsabilidade” de olhar a política monetária com “vários vieses”.

“Ele não pode apenas achar que é preciso aumentar o juro. Nós não temos inflação de demanda, você aumenta o juro quando tem inflação de demanda”, defendeu.

Desde o início de seu mandato, Lula vem criticando Campos Neto e defendendo o início do processo de cortes da Selic — algo que, atualmente, o mercado financeiro espera para o mês de agosto. Já Campos Neto mantém o discurso de que o BC segue preocupado com a inflação, embora tenha havido avanços no controle dos preços.

LINHA BRANCA

Lula também fez, durante a entrevista, uma defesa da distribuição de renda. Conforme o presidente, não importa o quanto o Brasil cresceu, mas sim o quanto foi distribuído. O petista afirmou que a distribuição de renda é o que conta para que um país tenha solidez econômica.

O presidente voltou a defender a concessão de benefícios para produtos da linha branca, como fogão, geladeira e micro-ondas. Na quarta-feira, ele já havia indicado a intenção do governo de adotar medidas para reduzir os preços da linha branca.

“Muitas vezes você, fazendo uma concessão, abrindo mão de um percentual de um imposto pequeno, você parece que vai arrecadar menos, mas no fundo você vai ganhar mais pela quantidade de produção e pela quantidade de venda”, disse Lula na entrevista da noite desta quinta-feira.

“Eu apenas insinuei de que nós já fizemos isso em 2008, foi um sucesso extraordinário, todo mundo renovou sua geladeira, renovou sua máquina de lavar roupa…”

Mais cedo nesta quinta-feira, em entrevista à RedeTV, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que terá uma reunião com Lula na sexta-feira para discutir a questão da linha branca.

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