Internacional

Equador pode barrar produção de petróleo em reserva amazônica e mineração perto de Quito

Por Alexandra Valencia

QUITO (Reuters) – Os equatorianos decidirão em dois referendos, em agosto, se projetos de petróleo e mineração nas principais regiões do país podem continuar, colocando na balança as preocupações indígenas e ambientais e, de outro, bilhões em renda potencial perdida.

O país sul-americano pode perder cerca de 12% de sua produção de petróleo bruto de 480.000 barris por dia (bpd) caso os eleitores aprovem o fechamento do bloco 43-ITT na imensamente diversa reserva natural Yasuní, na Amazônia, enquanto um referendo local em Quito pode barrar a mineração na floresta Choco Andino, inviabilizando seis concessões de ouro.

Ativistas ambientais e comunidades próximas aos locais defendem as proibições por considerá-las necessárias para a preservação da natureza, o combate à mudança climática e, no caso de Yasuní, proteção de alguns indígenas Waorani, que estão voluntariamente isolados.

Guildas de petróleo e mineração, no entanto, afirmam que suas indústrias sustentam a economia do Equador e que as proibições irão expor as áreas ao garimpo ilegal e ao desmatamento.

O presidente Guillermo Lasso, que convocou nova eleições após o Legislativo tentar derrubá-lo, não conseguiu aumentar a produção de petróleo ou atrair mais investimentos em mineração à medida que a violência e os problemas sociais pioraram.

Um voto “sim” nos referendos pode complicar as finanças de seu sucessor.

“Queremos manter nosso território seguro e saudável. Eles dizem que quando pegam petróleo trazem saúde, educação, mas não vemos nada, não há desenvolvimento”, disse Ene Nenquimo, líder nacional Waorani, à Reuters durante uma visita a comunidades Yasuní. “O governo, de sua mesa, só vê árvores… Mas nós moramos aqui.”

Um único hectare do Yasuní tem 650 espécies de árvores, mais do que toda a América do Norte, além de centenas de espécies de pássaros, mamíferos, répteis e peixes, segundo o Ministério do Meio Ambiente do país.

Os eleitores parecem inclinados a votar “sim” em ambos os referendos, disse Santiago Pérez, chefe do instituto de pesquisas Clima Social, que realizou levantamentos para seus clientes.

“Acho que conforme a população for se informando e conhecendo mais sobre Yasuní e o Choco Andino, isso vai favorecer as opções ‘sim'”, disse.

A petrolífera estatal Petroecuador diz que um “sim” ao referendo de Yasuní custaria ao país 13,8 bilhões de dólares em receita nas próximas duas décadas.

As plataformas no ITT têm até 39 poços cada para minimizar o espaço que ocupam, disse a jornalistas o chefe da Petroecuador, Ramón Correa, em meados de julho.

“O parque tem as melhores práticas de proteção”, disse Correa.

Dois outros blocos da Petroecuador na área não seriam afetados pela votação.

(Reportagem adicional de Tito Correa e Karen Toro nas províncias de Orellana e Pastaz)

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