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Exemplos reais do desvio de Função CLT: saiba como proteger seus direitos

Carteira de trabalho
Brenda Rocha - Blossom/shutterstock.com/

O desvio de função é uma questão trabalhista que pode afetar diretamente os trabalhadores, causando prejuízos financeiros e profissionais. Essa irregularidade ocorre quando um empregado é designado para desempenhar atividades que não estão de acordo com o que foi estabelecido em seu contrato de trabalho. Mas como isso acontece na prática e quais são os seus direitos?

Desvio de Função na Prática

No dia a dia das empresas, é comum que os funcionários ajudem em outras tarefas ou substituam colegas em determinadas situações. No entanto, o desvio de função ocorre quando essa prática se torna habitual e o empregador utiliza o trabalhador para realizar atividades para as quais ele não foi contratado.

Para entender melhor, vejamos alguns exemplos:

  • Conferente de Estoque Auxilia na Checagem: No mercado atacadista, o conferente de estoque é solicitado pelo gerente a ajudar na checagem do estoque enquanto o conferente principal está ausente devido a uma doença. Essa colaboração é temporária e pontual.
  • Balconista Assume Funções de Etiquetagem: Na padaria, o balconista é encarregado de fazer a pesagem e etiquetagem dos bolos durante a ausência do auxiliar do confeiteiro, que se afastou temporariamente. Essa ajuda é pontual e por um curto período de tempo.

Consequências do Desvio de Função

Embora a colaboração ocasional seja aceitável, o desvio de função se torna prejudicial quando ocorre de maneira habitual. Isso pode resultar em prejuízos financeiros para o trabalhador, que muitas vezes acaba assumindo responsabilidades para as quais deveria ser melhor remunerado.

Protegendo seus Direitos

Para proteger-se contra o desvio de função, é importante compreender seus direitos e estar ciente das leis trabalhistas. Seguem algumas orientações:

  1. Consulte a Classificação Brasileira de Ocupações (CBO): A CBO é uma ferramenta que lista as atividades profissionais reconhecidas no Brasil. Ao consultar a CBO, você pode verificar se as tarefas que está realizando estão de acordo com sua função original.
  2. Conheça o Artigo 468 da CLT: Esse artigo estabelece que qualquer alteração nas condições do contrato de trabalho só pode ocorrer com o consentimento mútuo entre empregado e empregador. Caso contrário, a cláusula que impõe essa alteração pode ser considerada nula.
  3. Busque Orientação Especializada: Se suspeitar que está sendo vítima de desvio de função, procure orientação junto ao setor de recursos humanos de sua empresa e consulte um advogado trabalhista para entender seus direitos e opções legais.

Exemplos Reais de Causas Ganhas na Justiça

Para ilustrar a gravidade do desvio de função, apresentamos três exemplos reais de ações trabalhistas bem-sucedidas:

  1. Ana, Operadora de Caixa: Ana comprovou na Justiça que foi desviada de suas funções originais e obteve o reconhecimento do desvio de função, resultando no pagamento de diferenças salariais e reflexos em verbas trabalhistas.
  2. Paula, Engenheira Ambiental: Paula demonstrou que foi sobrecarregada com responsabilidades além de suas atribuições originais e obteve o reconhecimento do desvio de função, resultando no pagamento de gratificação e diferenças salariais.
  3. Antônio, Ajudante de Produção: Antônio foi rebaixado de função após retornar de um afastamento médico e obteve o reconhecimento do desvio de função, resultando no pagamento de diferenças salariais e reintegração à sua função original.

Empresa pode recusar retorno do trabalhador com alta do INSS?

Em um cenário onde o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) dá alta médica a um funcionário após um período de afastamento por motivo de saúde, mas a empresa se recusa a aceitar seu retorno, abre-se um complexo dilema para o trabalhador. Este cenário coloca o empregado em uma posição delicada, onde, apesar de ser considerado apto pelo INSS para retomar suas atividades, encontra-se impedido de trabalhar devido à avaliação contrária do médico corporativo.

Ciclo Frustrante

Esta discrepância entre as avaliações médicas do INSS e da empresa resulta em uma situação problemática, na qual o trabalhador, ansioso por retomar suas funções e garantir seu sustento, vê-se em um limbo jurídico e financeiro. Diante da negativa da empresa em aceitar o retorno ao trabalho, o empregado se vê forçado a solicitar novamente o benefício ao INSS, que, por sua vez, pode negar a solicitação, deixando o trabalhador sem qualquer remuneração ou suporte financeiro.

Proteção Legal ao Trabalhador

A legislação trabalhista brasileira, mais especificamente o artigo 476 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), estipula que o contrato de trabalho é suspenso durante o período de recebimento do benefício previdenciário, mas deve ser retomado normalmente após a alta do INSS. Quando um trabalhador se apresenta para retomar suas funções após a alta do INSS, espera-se que a empresa cumpra seu papel social, permitindo o retorno às atividades, possivelmente em uma função adaptada à sua condição de saúde atual.

Direitos do Trabalhador e Medidas Legais

A recusa em reintegrar o trabalhador não apenas compromete a dignidade do indivíduo, mas também pode resultar em ações judiciais, nas quais os tribunais têm consistentemente reconhecido o direito do empregado à indenização pelos salários não pagos durante o período de impasse. Além disso, a Justiça do Trabalho tem atribuído compensações por danos morais aos trabalhadores afetados por essa prática, reconhecendo o impacto negativo na dignidade e na subsistência do indivíduo.

Importância do Sistema de Proteção ao Trabalhador

Este cenário destaca a importância de um sistema de proteção ao trabalhador coerente e efetivo, que garanta não apenas o direito à saúde e à segurança no emprego, mas também a reintegração ao mercado de trabalho de forma digna e justa após períodos de afastamento por motivos de saúde.

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