São Paulo

São Paulo inicia campanha de vacinação contra dengue em áreas de alto risco

Vacina Gripe
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Em uma iniciativa pioneira, a cidade de São Paulo deu início nesta quinta-feira (4) a uma campanha de vacinação contra a dengue, focada em dois de seus bairros mais afetados: Itaquera, na Zona Leste, e Vila Jaguara, na Zona Oeste. A ação é voltada para crianças entre 10 e 14 anos, faixa etária considerada crucial na prevenção da disseminação da doença.

Um total de 11 postos de saúde dessas localidades foram abastecidos com quase oito mil doses da vacina, anteriormente destinadas a 11 municípios da região do Alto do Tietê. Essa reorientação das doses, que estão próximas do vencimento em 30 de abril, faz parte de uma estratégia emergencial da Secretaria Estadual da Saúde para conter a expansão da dengue na maior cidade do país. São Paulo enfrenta um surto preocupante, com 33 óbitos e mais de 105 mil casos registrados somente neste ano.

A escolha dos bairros Itaquera e Vila Jaguara para iniciar a vacinação se deve ao alarmante número de casos nesses locais, destacando-os como pontos críticos na luta contra a dengue na metrópole. A medida visa não apenas proteger a população jovem, mas também diminuir a transmissão da doença na comunidade.

A Secretaria reforça a importância da vacinação para o controle e redução dos casos de dengue e pede aos pais e responsáveis que levem seus filhos aos centros de saúde designados para a imunização. Essa campanha é um passo importante na luta contra uma das doenças mais desafiadoras para a saúde pública no Brasil, especialmente em áreas urbanas densamente povoadas.

A dengue faz parte de um grupo de doenças denominadas arboviroses, que se caracterizam por serem causadas por vírus transmitidos por vetores artrópodes. No Brasil, o vetor da dengue é a fêmea do mosquito Aedes aegypti (significa “odioso do Egito). Os vírus dengue (DENV) estão classificados cientificamente na família Flaviviridae e no gênero Flavivirus. Até o momento são conhecidos quatro sorotipos – DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 –, que apresentam distintos materiais genéticos (genótipos) e linhagens.

As evidências apontam que o mosquito tenha vindo nos navios que partiam da África com escravos. No Brasil, a primeira epidemia documentada clínica e laboratorialmente ocorreu em 1981-1982, em Boa Vista (RR), causada pelos sorotipos 1 e 4. Após quatro anos, em 1986, ocorreram epidemias atingindo o estado do Rio de Janeiro e algumas capitais da região Nordeste. Desde então, a dengue vem ocorrendo de forma continuada (endêmica), intercalando-se com a ocorrência de epidemias, geralmente associadas à introdução de novos sorotipos em áreas indenes (sem transmissão) e/ou alteração do sorotipo predominante, acompanhando a expansão do mosquito vetor.

Aspectos como a urbanização, o crescimento desordenado da população, o saneamento básico deficitário e os fatores climáticos mantêm as condições favoráveis para a presença do vetor, com reflexos na dinâmica de transmissão desses arbovírus. A dengue possui padrão sazonal, com aumento do número de casos e o risco para epidemias, principalmente entre os meses de outubro de um ano a maio do ano seguinte.

Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, porém as pessoas mais velhas e aquelas que possuem doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, têm maior risco de evoluir para casos graves e outras complicações que podem levar à morte.

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