O dólar alcançou uma nova alta nesta terça-feira, sendo negociado a R$ 5,259, e chegando ao pico do dia em R$ 5,287. Esse é o maior nível desde 17 de março de 2023, refletindo uma sequência de eventos que tensionam o mercado global e as perspectivas econômicas no Brasil.
Pressões Globais e Domésticas Elevam o Dólar
O aumento na cotação do dólar está sendo impulsionado por uma combinação de fatores internacionais e locais. Globalmente, os recentes conflitos entre Irã e Israel têm contribuído para o fortalecimento do dólar como uma moeda de refúgio. Além disso, os dados divulgados sobre a produção industrial nos Estados Unidos mostraram um crescimento de 0,4% em março, em linha com as expectativas, mas com uma queda de 1,8% no primeiro trimestre, o que também impacta as negociações.
O que está impulsionando a alta do dólar?
- Conflitos entre Irã e Israel: A escalada das tensões entre os dois países aumenta a busca por portos seguros como o dólar.
- Dados da economia dos EUA: A produção industrial americana subiu 0,4% em março, acima das expectativas, reforçando a perspectiva de juros altos nos EUA.
- Percepção do risco fiscal brasileiro: O mercado teme que o governo não consiga cumprir a meta fiscal de 2025, o que aumenta a aversão ao real.
- Queda dos juros brasileiros: As taxas de juros no Brasil estão caindo, enquanto nos EUA permanecem altas, reduzindo a atratividade do real para investimentos.
- Dados do CPI dos EUA: A inflação americana surpreendeu para cima na semana passada, adiando as expectativas para o primeiro corte de juros do Fed.
O que esperar para o futuro do dólar?
- Analistas preveem que o dólar continuará forte nos próximos meses.
- A vantagem da taxa de juros dos EUA deve se ampliar temporariamente.
- A percepção do risco fiscal brasileiro também continuará pressionando o câmbio.
- O mercado estará atento aos dados da economia brasileira e americana
Fatores Locais
No cenário doméstico, a piora na percepção do risco fiscal brasileiro exerce uma pressão significativa sobre o real. Segundo Marília Fontes, da Nord Research, a revisão da meta fiscal para 2025, anunciada pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad, de um superávit de 0,5% para um saldo zero, acarreta uma perda de credibilidade no regime fiscal do país. “Isso resulta em um aumento no prêmio de risco, fuga de capitais e consequente desvalorização da moeda nacional”, explica Fontes.
Juros e Expectativas Futuras
A situação é agravada pelo contexto de juros, com as taxas brasileiras em queda e as americanas mantendo-se elevadas. Esse diferencial de juros reduz a atratividade do real e contribui para sua desvalorização.
Projeções e Impactos
David Alexander Meier, economista do banco Julius Baer, ressalta que o fortalecimento do dólar é uma tendência que pode persistir nos próximos meses, especialmente após o índice de preços ao consumidor dos EUA ter superado as expectativas, o que adiou as previsões de corte nos juros americanos.
Diante desse panorama, é crucial para investidores e cidadãos acompanharem de perto os desenvolvimentos tanto no cenário internacional quanto no doméstico para entenderem melhor as dinâmicas do câmbio e suas implicações. A cotação do dólar a R$ 5,1847 no fechamento de ontem reflete não apenas as condições econômicas globais, mas também a complexa situação fiscal do Brasil.