Brasil

Ministério da Saúde ajusta faixa etária para vacinação contra dengue

Vacinas
Imagem MixVale

O Ministério da Saúde autorizou uma ampliação excepcional na faixa etária para aplicação das vacinas contra dengue que estão próximas de expirar. Essa decisão foi tomada pela Câmara Técnica de Imunizações em resposta ao baixo uso dessas doses dentro do prazo estipulado. Vacinas que vencem até o dia 30 de abril agora podem ser administradas em indivíduos de 4 a 59 anos, em municípios que possuam excedentes.

Originalmente, essas doses eram destinadas preferencialmente para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos desde o início de março. No entanto, a falta de adesão levou à necessidade de evitar o desperdício de doses ainda disponíveis nos estoques municipais.

Eder Gatti, diretor do Departamento do Programa Nacional de Imunizações (DPNI), enfatizou que essa é uma medida temporária e válida apenas para as vacinas com vencimento iminente. Além disso, foi garantida a aplicação da segunda dose para todos que se beneficiarem dessa antecipação.

O Ministério da Saúde também recomendou que a vacinação ocorra principalmente durante o horário de trabalho nas unidades de saúde, priorizando a população entre seis e 16 anos. Esforços adicionais de comunicação devem ser feitos pelos estados e municípios para aumentar a conscientização e participação do público elegível.

Essa medida temporária visa maximizar o uso de recursos e proteger uma faixa etária mais ampla contra a dengue, enquanto as autoridades de saúde continuam a monitorar a situação e ajustar estratégias conforme necessário.

A dengue faz parte de um grupo de doenças denominadas arboviroses, que se caracterizam por serem causadas por vírus transmitidos por vetores artrópodes. No Brasil, o vetor da dengue é a fêmea do mosquito Aedes aegypti (significa “odioso do Egito). Os vírus dengue (DENV) estão classificados cientificamente na família Flaviviridae e no gênero Flavivirus. Até o momento são conhecidos quatro sorotipos – DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 –, que apresentam distintos materiais genéticos (genótipos) e linhagens.

As evidências apontam que o mosquito tenha vindo nos navios que partiam da África com escravos. No Brasil, a primeira epidemia documentada clínica e laboratorialmente ocorreu em 1981-1982, em Boa Vista (RR), causada pelos sorotipos 1 e 4. Após quatro anos, em 1986, ocorreram epidemias atingindo o estado do Rio de Janeiro e algumas capitais da região Nordeste. Desde então, a dengue vem ocorrendo de forma continuada (endêmica), intercalando-se com a ocorrência de epidemias, geralmente associadas à introdução de novos sorotipos em áreas indenes (sem transmissão) e/ou alteração do sorotipo predominante, acompanhando a expansão do mosquito vetor.

Aspectos como a urbanização, o crescimento desordenado da população, o saneamento básico deficitário e os fatores climáticos mantêm as condições favoráveis para a presença do vetor, com reflexos na dinâmica de transmissão desses arbovírus. A dengue possui padrão sazonal, com aumento do número de casos e o risco para epidemias, principalmente entre os meses de outubro de um ano a maio do ano seguinte.

Todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença, porém as pessoas mais velhas e aquelas que possuem doenças crônicas, como diabetes e hipertensão arterial, têm maior risco de evoluir para casos graves e outras complicações que podem levar à morte.

To Top