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Ministério da Saúde adota dose única na vacinação contra HPV pelo SUS

Vacina HPV mixvale
Criação www.mixvale.com.br

No início deste mês, o Ministério da Saúde do Brasil anunciou uma importante mudança no protocolo de vacinação contra o HPV (Papilomavírus Humano) no Sistema Único de Saúde (SUS). A partir de agora, a vacinação contra o HPV será realizada em dose única para crianças e adolescentes entre 9 e 14 anos. Esta medida já está sendo implementada no estado do Rio de Janeiro e visa aumentar a cobertura vacinal e simplificar a logística de vacinação.

Entendendo o HPV e a Importância da Vacinação

O HPV é o vírus causador da Infecção Sexualmente Transmissível (IST) mais comum mundialmente. Está fortemente associado ao desenvolvimento de câncer de colo do útero, responsável por mais de 90% dos casos, além de outros tipos de câncer em homens e mulheres e verrugas anogenitais. A vacinação é considerada uma ferramenta crucial na prevenção dessas condições.

Razões para a Mudança para Dose Única

Segundo estudos recentes e recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), uma única dose da vacina quadrivalente HPV tem mostrado eficácia comparável às duas ou três doses anteriores. Isso tem o potencial de aumentar a adesão vacinal entre os jovens, facilitar a logística de distribuição da vacina e acelerar os esforços de eliminação do câncer de colo do útero.

Cobertura e Eficácia da Vacina

A vacina protege contra os principais tipos de HPV (6, 11, 16 e 18) que causam doenças graves. A eficácia da vacina em prevenir o câncer de colo do útero pode chegar a 87%, segundo estudos.

Prova de Vida e Outras Considerações

Além da vacinação, o INSS tem implementado mudanças na prova de vida, usando dados biométricos de outros órgãos federais para simplificar o processo até dezembro de 2024. A prova de vida não exigirá a presença física nos bancos ou unidades do INSS, podendo ser realizada pelo aplicativo Meu INSS.

Consulta e Diagnóstico

É recomendado que tanto homens quanto mulheres realizem consultas médicas regulares para o diagnóstico precoce de HPV e outras ISTs. O exame de Papanicolau é essencial para mulheres, enquanto os homens devem visitar o urologista anualmente.

Prevenção Adicional

Além da vacinação, o uso consistente de preservativos durante as relações sexuais é recomendado para prevenir a transmissão de HPV e outras ISTs, embora não ofereça proteção completa contra o HPV devido à possível presença do vírus em áreas não cobertas pelo preservativo.

O HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano), é responsável pela  infecção sexualmente transmissível mais frequente no mundo . Está associado ao desenvolvimento da quase totalidade dos canceres  de colo de útero, bem como a diversos outros tumores em homens e mulheres. Além disso, provoca  verrugas anogenitais (região genital e no ânus) e câncer, a depender do tipo de vírus. A infecção pelo HPV é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST).

SINAIS E SINTOMAS

A infecção pelo HPV não apresenta sintomas na maioria das pessoas. Em alguns casos, o HPV pode ficar latente de meses a anos, sem manifestar sinais (visíveis a olho nu), ou apresentar manifestações subclínicas (não visíveis a olho nu). A diminuição da resistência do organismo pode desencadear a multiplicação do HPV e, consequentemente, provocar o aparecimento de lesões. A maioria das infecções (sobretudo em adolescentes) tem resolução espontânea, pelo próprio organismo, em um período aproximado de até 24 meses.

As primeiras manifestações da infecção pelo HPV surgem entre, aproximadamente, 2 a 8 meses, mas pode demorar até 20 anos para aparecer algum sinal da infecção. As manifestações costumam ser mais comuns em gestantes e em pessoas com imunidade baixa. O diagnóstico do HPV é atualmente realizado por meio de exames clínicos e laboratoriais, dependendo do tipo de lesão, se clínica ou subclínica.

  • Lesões clínicas: se apresentam como verrugas na região genital e no ânus (denominadas tecnicamente de condilomas acuminados e popularmente conhecidas como “crista de galo”, “figueira” ou “cavalo de crista”). Podem ser únicas ou múltiplas, de tamanhos variáveis, achatadas ou papulosas (elevadas e solidas). Em geral, são assintomáticas, mas podem causar coceira no local. Essas verrugas, geralmente, são causadas por tipos de HPV não cancerígenos.
  • Lesões subclínicas (não visíveis ao olho nu): podem ser encontradas nos mesmos locais das lesões clínicas e não apresentam sinal/sintoma. As lesões subclinas podem ser causadas por tipos de HPV de baixo e de alto risco para desenvolver câncer.

Podem acometer vulva, vagina, colo do útero, região perianal, ânus, pênis (geralmente na glande), bolsa escrotal e/ou região pubiana. Menos frequentemente, podem estar presentes em áreas extragenitais, como conjuntivas, mucosa nasal, oral e laríngea.

Mais raramente, crianças que foram infectadas no momento do parto podem desenvolver lesões verrucosas nas cordas vocais e laringe (Papilomatose Respiratória Recorrente).

TRATAMENTO

O tratamento das verrugas anogenitais (região genital e no ânus) consiste na destruição das lesões. Independente de realizar o tratamento, as lesões podem desaparecer, permanecer inalteradas ou aumentar em número e/ou volume. Sobre o tratamento:

  • Deve ser individualizado, considerando características (extensão, quantidade e localização) das lesões, disponibilidade de recursos e efeitos adversos;
  • São químicos, cirúrgicos e estimuladores da imunidade;
  • Podem ser domiciliares (autoaplicados: imiquimode, podofilotoxina) ou ambulatoriais (aplicado no serviço de saúde: ácido tricloroacético – ATA, podofilina, eletrocauterização, exérese cirúrgica e crioterapia), conforme indicação profissional para cada caso;
  • Podofilina e imiquimode não deve ser usada na gestação.

Pessoas com imunodeficiência – as recomendações de tratamento do HPV são as mesmas para pessoas com imunodeficiência, como pessoas vivendo com HIV e transplantadas. Porém, nesse caso, o paciente requer acompahamento mais atento, já que pessoas com imunodeficiência tendem a apresentar pior resposta ao tratamento. O tratamento das verrugas anogenitais não eliminam o vírus, por isso as lesões podem reaparecer. As pessoas infectadas e suas parcerias devem retornar ao serviço, caso identifique novas lesões.

PREVENÇÃO

Vacinar-se contra o HPV é a medida mais eficaz de se prevenir contra a infecção. A vacina é distribuída gratuitamente pelo SUS e é indicada para:

  • Vítimas de abuso sexual de 9 a 14 anos ( homens e mulheres) que não tenham tomado a vacina HPV ou estejam com esquema incompleto administrar conforme a indicação da situação vacinal uma ou duas doses.
  • Vítimas de abuso sexual de 15 a 45 anos ( homens e mulheres) que não tenham tomado a vacina HPV ou estejam com esquema incompleto administrar conforme a indicação da situação vacinal , completando três doses da vacina HPV( 0,2,6 meses)
  • Meninas e meninos de 9 a 14 anos, com esquema de 2 doses. Adolescentes que receberem a primeira dose dessa vacina nessas idades , poderão tomar a segunda dose mesmo se ultrapassado os seis meses do intervalo preconizado, para não perder a chance de completar o seu esquema;
  • Mulheres e Homens que vivem com HIV, transplantados de órgãos sólidos, de medula óssea ou pacientes oncológicos na faixa etária de 9 a 45 anos, com esquema de três doses ( 0,2,6 meses) , independentemente da idade;
  • A vacina não previne infecções por todos os tipos de HPV, mas é dirigida para os tipos mais frequentes: 6, 11, 16 e 18.

Exame preventivo contra o HPV, o Papanicolau é um exame ginecológico preventivo mais comum para identificar de lesões precursoras do câncer do colo do útero. Esse exame ajuda a detectar células anormais no revestimento do colo do útero, que podem ser tratadas antes de se tornarem câncer. O exame não é capaz de diagnosticar a presença do vírus, no entanto, é considerado o melhor método para detectar câncer de colo do útero e suas lesões precursoras.

Quando essas alterações que antecedem o câncer são identificadas e tratadas, é possível prevenir 100% dos casos, por isso é muito importante que as mulheres façam o exame de Papanicolaou regularmente.

Preservativo: o uso do preservativo (camisinha) masculino ou feminino nas relações sexuais é outra importante forma de prevenção do HPV. Contudo, seu uso, apesar de prevenir a maioria das IST, não impede totalmente a infecção pelo HPV, pois, frequentemente as lesões estão presentes em áreas não protegidas pela camisinha (vulva, região pubiana, perineal ou bolsa escrotal). A camisinha feminina, que cobre também a vulva, evita mais eficazmente o contágio se utilizada desde o início da relação sexual.

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