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Venda de celulares irregulares dobrou no Brasil em um ano. Veja como não cair em ciladas

O número de aparelhos irregulares vendidos no país dobrou em um ano, saltando de 10% em 2022 para 25% no último trimestre de 2023, de acordo com o IDC Brasil. Os produtos irregulares são aqueles conhecidos como “falsificados”, as imitações de marcas conhecidas, ou até oficiais, mas que entraram de forma ilegal no país.

Veja: Como escolher um celular de acordo com seu perfil de uso? Entenda as especificações

E mais: Mercado ilegal vendeu 25% dos aparelhos no Brasil em 2023. Entenda riscos e como se proteger

De acordo com a Associação Brasileira de Indústria Elétrica Eletrônica (Abinee), cerca de 90% de celulares contrabandeados são vendidos por meio de marketplaces, com valor 38% abaixo do vendido no mercado oficial. O presidente executivo da Abinee, Humberto Barbato, avalia que há uma relação entre o número de aparelhos que chegam ao Brasil de forma irregular e a facilidade de encontrá-los em sites que agrupam ofertas próprias e de terceiros.

— O atrativo do preço e até informações enganosas nessas plataformas induzem os consumidores a fazer essa compra, sem saber que está comprando um produto sem qualquer garantia e sem estar nos padrões corretos para utilização — explica.

Reinaldo Sakis, diretor de pesquisas do IDC América Latina, complementa, ao avaliar que a expansão das vendas on-line dificulta a percepção de que se tratam de produtos ilegais:

— Antigamente, o mercado ilegal estava concentrado em determinadas partes das cidades. Então, se a pessoa tivesse que sair de sua casa e ir a um centro de produtos contrabandeados, saberia que estava fazendo algo errado.

O ano passado terminou com um total de 6,2 milhões de aparelhos irregulares no Brasil. Para 2024, a Abinee estima que o governo federal deixe de arrecadar cerca de R$ 4 bilhões em função da evasão fiscal.

Entenda os riscos

É fácil imaginar os riscos associados à compra de um celular falsificado, como quebra e mau funcionamento das funções. Mas os celular oficial, que chega ao Brasil de forma ilegal, também representa perigos ao consumidor. Por não terem certificação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), não têm garantia dos fabricantes nem assistência técnica, e não passam em testes de segurança nem de funcionamento.

— Embora seja um produto oficial na China, ele não passou pelos órgãos de controle brasileiros. Não há garantia de que estará adaptado à frequência do 4G no Brasil. O carregador não foi desenhado para o mercado brasileiro. Se o fabricante não sabe que chegou aqui, pode não ter garantia — explica Reinaldo Sakis, do IDC.

Como não possuem garantia, em caso de problemas com o aparelho, não há uma assistência técnica oficial, destaca o presidente executivo da Abinee. Por não cumprirem requisitos elétricos de segurança, há chances de acidentes.

O docente da Estácio e engenheiro em Telecomunicações, Sérgio Rocha Lima, diz que o consumidor deve ter cuidado redobrado na hora da compra ou troca de celulares, “pois em caso de produto roubado, quem adquiriu nessas condições corre o risco de ser indiciado por receptação culposa”.

Como identificar um aparelho irregular?

Ao comprar um celular, o consumidor deve não apenas se preocupar em escolher o modelo e marca ideais para o seu perfil, mas também ter atenção para não adquirir um aparelho irregular. Especialistas ouvidos pelo EXTRA explicam que alguns detalhes podem ajudar a identificar esse problema.

O primeiro cuidado é comprar somente aparelhos que tenham nota fiscal, aponta Sérgio Lima, docente da Estácio e engenheiro em Telecomunicações. Ele explica que todo celular possui um número próprio de identificação chamado de IMEI. O código é composto por 15 dígitos e pode ser encontrado na nota fiscal, na caixa original do dispositivo ou ligando para *#06# pelo próprio celular. Por meio dele, é possível saber se o aparelho é irregular ou não.

— Se o IMEI estiver em situação regular, será exibida a mensagem ‘até o momento o IMEI informado não possui restrições de uso’. Caso esteja bloqueado, a mensagem será ‘o IMEI informado está impedido por perda, roubo ou furto’ — explica Lima.

Em caso de irregularidade, o professor diz que o consumidor deve entrar em contato com a loja onde comprou o aparelho e pedir a troca ou o ressarcimento.

Barbato, da Abinee, sugere que os consumidores verifiquem o preço do produto e desconfiem se o valor estiver abaixo da média. Outra dica é prestar atenção nos anúncios de venda. Geralmente, o aparelho é identificado como “versão global”, além disso o carregador é indicado como sendo padrão internacional e a garantia do celular é de apenas 90 dias.

— Muitos desses anúncios identificam o aparelho como ‘versão global’, o que também indica que não se trata de um aparelho homologado e destinado ao mercado brasileiro — comenta.

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