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Após romper ‘regra de ouro’, 2ª família mais rica do mundo encara novo desafio para manter império; entenda

Como organizar os produtos nos corredores de um supermercado? Em ordem alfabética? Devemos cobrar em cada setor ou é melhor o cliente pagar tudo na hora da saída? Uma vez definido o preço, pode haver descontos e, ao mesmo tempo, haver lucro? Todas essas questões básicas podem ser respondidas hoje sem dificuldade, mas foram uma questão de árduo aprendizado, decorrente de tentativa e erro, até apenas 62 anos atrás, quando Sam Walton (1918-1992) abriu o primeiro Walmart em Arkansas, nos Estados Unidos.

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Hoje, seus herdeiros receberam como legado a rede varejista de maior sucesso do mundo — com faturamento superior a US$ 600 bilhões —, mas enfrentam o desafio de se impor no comércio eletrônico em meio a muitas críticas por suas práticas comerciais e trabalhistas.

Nos Estados Unidos, onde o nepotismo é desaprovado dentro de empresas que devem satisfações aos seus acionistas, numa chamada “regra de ouro”, Greg Penner, de 54 anos, é o líder da terceira geração que passa a liderança de pais para filhos. Tanto o Conselho de Administração quanto os cargos executivos estão repletos de familiares.

Os Waltons, como um todo, são hoje a família mais rica dos Estados Unidos e a segunda do mundo — atrás da família real de Abu Dhabi — com um património líquido de mais de US$ 240 bilhões (R$ 1,2 trilhão), segundo a Forbes. O Walmart opera mais de 11 mil lojas em 27 países e emprega mais de 2,2 milhões de pessoas, o que o torna o maior empregador do mundo.

Alheio às críticas e sem vontade de falar sobre temas polêmicos, Penner, o presidente da empresa, convidou seus acionistas a “crescerem, correrem riscos, nunca desistirem e terem sucesso”.

O nepotismo é rejeitado por uma questão de princípio, mas não há críticas à idoneidade daqueles que dirigiram com sucesso o Walmart nos seus 62 anos de vida. Penner, em particular, teve uma carreira de vinte anos na empresa antes de ser nomeado para o conselho em 2008, época em que já havia se casado com Carrie Walton, agora com 53 anos, neta de Sam.

Em 2015, Penner sucedeu a seu sogro, Rob Walton, hoje com 79 anos, como presidente da empresa, que também geriu com sucesso o Walmart por 23 anos, após a morte de seu pai e fundador.

Os herdeiros

Há alguns anos, os americanos identificavam Penner, o atual diretor, como um triatleta que escalou cinco das montanhas mais altas do planeta, incluindo o Everest em 2018, e que em 2022 comprou o time de futebol americano Denver Broncos.

No total, a família Walton detém 50% das ações do Walmart. E os três filhos sobreviventes de Sam, que fazem parte do conselho da empresa, excedem em muito a fortuna de US$ 1 bilhão de Penner e de outros membros da terceira geração da família.

Rob Walton, sogro de Penner e seu antecessor à frente do Walmart, tem uma riqueza estimada em US$ 77,4 bilhões. Rob também é um dos proprietários do Denver Broncos.

Ele é seguido por seu irmão Jim, 75 anos, presidente do Arvest Bank, com US$ 73 bilhões, e por Alice, 74 anos, colecionadora de arte e filantropa, com uma fortuna de US$ 72,3 bilhões (é a terceira mulher mais rica do mundo).

Os filhos e netos de Rob e Jim participam ativamente das atividades do conglomerado empresarial, que enfrenta atualmente um desafio de sobrevivência diante da mudança no estilo de compra impulsionada pelo comércio eletrônico. Hoje a líder do comércio eletrônico nos Estados Unidos é a Amazon, com 37% do mercado. O Walmart tem apenas 6%.

O início do Walmart

Quando, aos 44 anos, Sam abriu sua primeira loja no Walmart em 1962, junto com seu irmão Bud, três anos mais novo e sempre discreto, ele tinha duas décadas de experiência administrando outros negócios de varejo. E, como economista formado pela Universidade do Missouri, aprendeu histórias de fracassos e sucessos no consumo de massa.

Hoje em dia, por exemplo, parece normal ir a uma única grande loja e percorrer as prateleiras comprando alimentos, produtos de limpeza, roupas ou decoração. Mas até pouco mais de um século atrás isso significaria ter de visitar pequenas lojas especializadas em cada item, e nenhum comerciante também permitiria que os clientes tocassem nos produtos nas prateleiras.

Isso mudou em 1916, quando Albert Gerrard, de Pomona, Califórnia, abriu a primeira loja de autoatendimento da história: uma mercearia de médio porte, mais parecida com o que é hoje uma loja de bairro. Um ano depois, Clarence Saunders teve a ideia de registrar como patente a fórmula de “loja de autoatendimento” para os seus supermercados com o nome de Piggly Wiggly.

Em 1962, Sam Walton pegou essas experiências e incluiu no Walmart uma fórmula que hoje pode parecer óbvia: minimizar custos e tentar vender pelo menor preço possível (por exemplo, comprando produtos do fabricante, não do atacadista), além de melhorar a experiência do cliente, permitindo-lhe escolher livremente os produtos nas prateleiras e cobrando-os na saída da loja.

Críticas aos Walton

As novas gerações Walton continuam a manter o seu compromisso com custos e preços baixos, mas as críticas de diferentes setores se intensificam pelo impacto que as políticas do grupo têm em todo o planeta.

— Muitos falam do ‘efeito Walmart’ para explicar a disrupção causada pela instalação de um de seus supermercados em todo o comércio varejista — disse o profissional de marketing canadense Chris R. Keller, da Profitworks Marketing Services, que estudou o sucesso financeiro da companhia.

Por exemplo, a pressão do Walmart para baixar os preços fez com que muitos dos seus fornecedores despedissem trabalhadores para melhorar a eficiência das suas fábricas ou fechassem fábricas e mudassem para países com mão-de-obra barata. Isso se reflete claramente na quantidade de bens que importam.

— Em 1995, 6% das mercadorias do Walmart nos Estados Unidos eram importadas e, em 2005, essa porcentagem atingiu 60% — disse Keller.

Além disso, para reduzir custos operacionais, a empresa enfrenta problemas sindicais com a sua força de trabalho devido a baixos salários, más condições e cuidados médicos inadequados.

Como a estratégia comercial do Walmart nos Estados Unidos consiste em se estabelecer em cidades pequenas, alguns estudos indicam que esses municípios perdem quase metade do seu comércio varejista em dez anos após a abertura de um Walmart.

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