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Governo do Rio identifica 97 criminosos com ficha suja entre 121 vítimas da megaoperação policial

Rio de Janeiro
Rio de Janeiro - Foto: Instagram

A Polícia Civil do Rio de Janeiro concluiu a identificação de 117 dos 121 mortos na megaoperação realizada em 28 de outubro nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte da capital. A ação, batizada de Operação Contenção, visava desarticular lideranças do Comando Vermelho e resultou na morte de quatro policiais e 117 suspeitos. O governador Cláudio Castro destacou que o levantamento demonstra o alcance nacional da facção e a necessidade de ações integradas entre estados.

Foram apreendidos 93 fuzis e presas 113 pessoas durante a operação, que mobilizou 2.500 agentes.

  • Principais alvos incluíam traficantes de alto escalão, como Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, que escapou.
  • Três foragidos foram identificados: Tiago Teixeira Sales (Gato Mestre), Anderson de Souza (Latrol) e David Palheta (Bolacha).
  • A operação cumpriu 100 mandados de prisão e 150 de busca e apreensão.

O documento oficial, divulgado no domingo anterior, analisou antecedentes criminais e perfis digitais para confirmar as ligações com o crime.

Perfis criminais dos identificados

Rio de Janeiro guerra 2025
Rio de Janeiro guerra 2025 – Foto: X

Setenta e sete dos mortos possuíam passagens pela polícia, com ênfase em tráfico de drogas e associação ao crime organizado. Dez indivíduos não apresentavam antecedentes formais, mas evidências como fotos em redes sociais indicavam conexões com o Comando Vermelho. Outros sete careciam de registros digitais ou policiais, enquanto dois corpos aguardam identificação final.

A análise reforça que 95% dos casos envolvem membros da facção, segundo o relatório.

Origens interestaduais dos envolvidos

Cinquenta e quatro por cento dos mortos não residiam no Rio de Janeiro, o que evidencia a mobilidade da rede criminosa. A maioria procedia do Pará, com 13 casos, seguido pela Bahia com sete e Amazonas com seis. Outros estados representados incluem Ceará, Goiás, Espírito Santo e Mato Grosso.

Essa distribuição geográfica ilustra como os complexos do Alemão e da Penha funcionavam como centros de comando nacional para o Comando Vermelho.

Delegados envolvidos na apuração destacaram que os fluxos migratórios de criminosos agravavam a violência local.

Antecedentes e evidências digitais

O levantamento detalhou que 97 dos identificados acumulavam condenações por tráfico, roubo e porte ilegal de armas. Perfis em redes sociais serviram como prova para dez casos sem ficha criminal prévia, revelando postagens com símbolos da facção e interações suspeitas.

Sete perfis permaneceram sem traços digitais rastreáveis, possivelmente devido a medidas de anonimato adotadas pelos envolvidos.

Dois corpos, ainda em análise no Instituto Médico-Legal, podem alterar ligeiramente os percentuais finais.

A Polícia Civil utilizou cruzamentos de dados de sistemas nacionais para validar as informações.

Essa etapa da investigação consumiu dias intensos, com equipes trabalhando em turnos estendidos.

Estratégias de contenção da facção

O governador Cláudio Castro enfatizou que a operação representa um retrato preciso da criminalidade organizada no país. Ele defendeu a colaboração entre polícias estaduais para frear a expansão do Comando Vermelho, especialmente contra líderes de alta periculosidade.

A ação incluiu planejamento de 60 dias, com uso de inteligência para mapear alvos em áreas de mata densa, como a Serra da Misericórdia.

Castro mencionou tentativas frustradas de obter apoio federal, incluindo blindados do Exército, para reforçar a operação.

O Ministério Público Federal e a Defensoria Pública da União solicitaram esclarecimentos sobre proporcionalidade e medidas de mitigação de letalidade, conforme o plano aprovado pelo Supremo Tribunal Federal em abril.

Apreensões e prisões registradas

Noventa e três fuzis de grosso calibre foram confiscados, junto a munições e explosivos improvisados usados por criminosos.

As prisões totalizaram 113, sendo 33 de fora do estado, o que demonstra o caráter interestadual da rede desmantelada.

  • Armas: 93 fuzis, incluindo modelos AK-47 e AR-15.
  • Explosivos: Drones adaptados para arremesso de bombas foram neutralizados.
  • Prisioneiros: 80 do Rio e 33 de outros estados.

Esses itens foram periciados para rastrear rotas de suprimento da facção.

A operação marcou um recorde de letalidade desde 1990, superando ações anteriores como a do Jacarezinho em 2021.

Posicionamento do governo estadual

Cláudio Castro classificou a megaoperação como um sucesso estratégico, apesar das perdas humanas entre os policiais. Ele reiterou o compromisso com ações técnicas e legais para restaurar a segurança nas comunidades afetadas.

O governador criticou a falta de integração federal, afirmando que o Rio atuou isoladamente na contenção da ameaça.

Essa postura reflete a política de segurança pública adotada desde o início de seu mandato, com foco em inteligência e confrontos diretos.

O balanço final, apresentado em coletiva, incluiu projeções para monitoramento contínuo das áreas liberadas.

Repercussões na segurança pública

Órgãos internacionais, como a ONU, emitiram notas sobre a letalidade elevada, cobrando apurações independentes. No Brasil, entidades de direitos humanos organizaram manifestações nos complexos, exigindo transparência nos protocolos de socorro.

O Supremo Tribunal Federal sinalizou a retomada da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental das Favelas, que regula operações em comunidades.

Essas reações impulsionam debates sobre alternativas menos violentas ao combate ao crime organizado.

A Polícia Federal, em resposta, deflagrou ações paralelas no Pará e Santa Catarina, prendendo lideranças remanescentes do Comando Vermelho.

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