Economia

Dois milhões de moradores rurais de SP terão endereço fornecido pelo Google

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O Google firmou uma parceria com o governo de São Paulo para criar endereços digitais a cerca de 2 milhões de pessoas que moram em áreas rurais do estado e cujas casas não aparecem em serviços de localização como Google Maps e Waze. 
A iniciativa foi anunciada em evento no Palácio dos Bandeirantes nesta quarta-feira (11).
De acordo com o governo, a parceria vai iniciar o registro de 60 mil quilômetros de estradas que ainda não foram mapeadas nos 645 municípios estaduais.
A meta é mapear as casas nos próximos 36 meses e incluir essa população digitalmente. Será possível que os cidadãos recebam entregas dos Correios e de varejistas do ecommerce.
As estradas serão mapeadas em parceria com a Secretaria de Agricultura, que tem um programa em curso chamado Rotas Rurais.
O projeto com a empresa americana consiste basicamente em uma interoperabilidade para que dados georreferenciais já coletados pelo poder público sejam compatíveis ao Plus Code, que é um código universal do Google que simplifica em poucos números e letras as coordenadas de latitude e longitude. A precisão é de três metros quadrados.
A ferramenta é gratuita e a parceria visa incorporar a tecnologia ao sistema do governo. Pessoas que hoje não têm endereço poderão receber uma placa em casa com sequências numéricas como 97WQ+R4F (endereço do Palácio dos Bandeirantes, por exemplo).
O Google e o governo afirmam que a medida visa a inclusão digital.
A empresa diz que o acordo não prevê compartilhamento de dados pessoais no contrato. A Lei Geral de Proteção de Dados, em vigor a partir de agosto de 2020, impõe restrições nesse tipo de relação.
“Cabe ao proprietário rural tomar a decisão de compartilhar esse Plus Code com governo ou empresas”, diz Newton Neto, diretor de parcerias para América Latina. “O Plus Code passará a ser o endereço do proprietário [rural]”, afirmou à Folha.
Em paralelo, o Google trabalha com varejistas e bancos para incentivar o uso do código. Segundo a empresa, o Plus Code não está ligado a uma pessoa individual, apenas correlacionando latitude e longitude.
No futuro, o governo diz que seria possível enviar também uma carta física apenas escrevendo o código do endereço.
O Google afirma que não vai monetizar com a medida e que se trata de um projeto de código aberto para “tornar a informação transversalmente acessível”.
No longo prazo, porém, a empresa se beneficia do mapeamento com maior geração de dados locais, devido ao aumento do consumo online, e possibilidade de oferecer recursos monetizáveis. Já o governo consegue poupar em processos de endereçamento, que também costumam ser demorados.
De acordo com Patrícia Ellen, secretária de Desenvolvimento do Estado, o projeto poderá ser escalado a favelas e, depois, servirá a modelos de desenvolvimento para cidades inteligentes. O programa também facilitará a atuação da polícia, segundo o governo.
A parceria será feita por meio do IEA (Instituto de Economia Agrícola), que desenvolve um software para sobrepor todas as bases de dados georreferenciais, como o CAR (Cadastro Ambiental Rural) e o Lupa (censo de unidades de produção agrária).
O projeto será um casamento entre a tecnologia do Google e a do IEA. As duas são plataformas de código aberto.

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