Crimes

Gerente de bar é condenado a mais de 30 anos de prisão por estuprar e matar jovem com taco de beisebol em 2016 em SP

Para Moro, violência contra mulher é produto de “distorção cultural”.

Willy Liger confessou ter assassinado Debora Melo com golpes de taco na cabeça em dezembro de 2016. Preso foi julgado nesta quinta (9), após 3 anos do crime.

O gerente Willy Gorayaeb Liger, 29 anos, foi condenado a 30 anos e 6 meses de prisão por feminicídio e estupro de uma ativista feminista com um taco de beisebol em um bar da Zona Leste de São Paulo, onde ele trabalhava, no fim de 2016. O julgamento do réu foi realizado nesta quinta-feira (9). Ele já respondia preso pelos crimes contra Debora Soriano de Melo, que tinha 23 anos na época do crime.

O julgamento ocorreu no plenário 6 da 1ª Vara do Júri no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste da capital. De acordo com a acusação feita pelo Ministério Público (MP), a vítima foi violentada e assassinada em 14 de dezembro de 2016 no bar “Sr. Boteco”, na Mooca. O gerente é primo do dono do estabelecimento comercial à época.

Segundo o Tribunal de Justiça, os jurados reconheceram todas as qualificadoras apresentadas pela acusação do Ministério Público, como meio cruel, sem dar chance defesa à vítima; motivo torpe (ocultação do estupro); e feminicídio.

G1 não conseguiu localizar a defesa do acusado para comentar a sentença.

Liger estuprou Débora, segundo o Ministério Público, e depois a matou — Foto: Divulgação/Polícia Civil e Reprodução/Arquivo Pessoal
Liger estuprou Débora, segundo o Ministério Público, e depois a matou — Foto: Divulgação/Polícia Civil e Reprodução/Arquivo Pessoal

Liger estuprou Débora, segundo o Ministério Público, e depois a matou — Foto: Divulgação/Polícia Civil e Reprodução/Arquivo Pessoal

Taco de beisebol

De acordo com a denúncia feita pela Promotoria, Willy matou Debora com golpes de taco na cabeça para que ela não o denunciasse por tê-la estuprado antes. Segundo o promotor Felipe Eduardo Levit Zilberman, a vítima não queria ter relações sexuais com o agressor.

“O acusado alega que não se lembra direito do crime, que se recorda de ter usado cocaína com Debora, de que eles discutiram e de que ele a golpeou com um taco de beisebol na cabeça”, disse Zilberman. “Sobre o estupro, porém, ele disse não se lembrar de ter cometido”.

Apesar disso, o MP informou ter laudos do Instituto Médico Legal (IML) que comprovam que Debora foi estuprada. Feminista, ela participava de grupos e manifestações para pedir punição a homens que cometiam crimes contra mulheres.

Além do estupro, Willy respondeu por homicídio doloso com quatro qualificadoras. As agravantes são o fato de, segundo a acusação, ele ter matado para assegurar a impunidade do crime sexual, o feminicídio, o meio cruel e o recurso que dificultou a defesa da vítima.

O feminicídio é uma qualificadora do crime de homicídio. “Ele ocorre quando é cometido contra uma mulher por menosprezo e com discriminação à condição feminina”, explicou Zilberman.

Willy Gorayeb Liger foi preso na casa de familiares, na Bahia — Foto: Divulgação/Polícia Civil

Willy Gorayeb Liger foi preso na casa de familiares, na Bahia — Foto: Divulgação/Polícia Civil

Feminicídio

O promotor disse estar convencido de que Willy é reincidente em crimes contra mulheres. Segundo o MP, o gerente já era procurado da Justiça antes de ter matado Débora.

“Em 20 de julho de 2009, ele estuprou e roubou uma outra mulher e foi condenado a 11 anos de prisão. Como respondia aos crimes em liberdade, foi expedido um mandado de prisão preventiva, mas ele nunca mais foi localizado”, disse o promotor.

De acordo com a Promotoria, enquanto esteve foragido, Willy cometeu mais outro crime. “Ele havia ameaçado a mãe do filho dele em 2015. Tanto é que a mulher entrou com medidas protetivas baseadas na Lei Maria da Penha, mas ele não era encontrado para ser ouvido”, falou Zilberman.

O último crime cometido por Willy ocorreu no final de 2016, quando ficou sozinho com Débora no bar onde trabalhava como gerente. “Tudo isso mostra bem a personalidade dele de ódio ao gênero feminino”, afirmou o promotor.

Após matar Débora, Willy fugiu para Ubaitaba, no sul da Bahia, onde foi preso em 23 de dezembro por determinação da Justiça. Ele estava escondido na casa de familiares.

De acordo com a polícia baiana, ele confessou lá o assassinato de Débora. Alegou que a matou após os dois discutirem porque ela reclamou que a droga que usavam havia acabado e queria mais. Laudo toxicológico indicou que a o agressor e a vítima consumiram cocaína.

Débora foi morta a pauladas em bar na Mooca — Foto: Divulgação/18ºDP

Débora foi morta a pauladas em bar na Mooca — Foto: Divulgação/18ºDP

O crime

Segundo a acusação, na noite de 13 de dezembro de 2016, Willy havia ido com dois clientes do bar a uma casa noturna na Mooca para comemorar o aniversário de um deles. Lá, conheceram Debora e uma amiga dela.

A vítima, sua amiga e os três homens saíram da boate às 7h e foram até o bar “Sr. Boteco”, onde Willy trabalhava. Por ser primo do proprietário e morar nos fundos do bar, ele tinha a chave do estabelecimento.

Segundo as investigações, os cinco ficaram reunidos no interior do bar, sozinhos, já que as portas estavam fechadas, até as 9h30 do dia 14. Naquela hora, os amigos de Willy e a amiga de Débora foram embora.

O homicídio teria ocorrido quando os dois estavam a sós. Débora levou golpes de bastão e não resistiu aos ferimentos. Depois disso, Willy teria telefonado para o primo e contado que matou a jovem. Em seguida, fugiu. O local do crime não possui circuito interno de câmeras.

O primo procurou a Polícia Civil e levou os investigadores do 18º Distrito Policial (DP), Alto da Mooca, até o bar. Ao chegarem lá, encontraram o corpo da vítima. Ao lado de Débora, estava uma meia e um tênis de Willy manchados de sangue. Além de feminista, Débora era evangélica. Ela deixou dois filhos pequenos.

Débora foi morta por Willy Liger com um taco de beisebol — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal/ Divulgação/ Polícia Civil

Débora foi morta por Willy Liger com um taco de beisebol — Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal/ Divulgação/ Polícia 

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