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Após fogo, Austrália tem tempestades de granizo e areia

O litoral leste da Austrália foi atingido nesta segunda-feira, 20, por uma tempestade de granizo, com pedras de gelo do tamanho de bolas de golfe. Apesar de ter durado apenas 15 minutos, o fenômeno foi suficiente para deixar carros amassados, pássaros machucados, prédios destruídos e dois turistas feridos em Camberra. Foram registrados ventos de até 116 km/h, segundo o Escritório Australiano de Meteorologia.

Agora, meteorologistas alertam para o risco de tempestades de raios em cidades do Estado de Nova Gales do Sul. Em sua mensagem, o escritório fala em “ventos prejudiciais (possivelmente destrutivos), grandes pedras de granizo (possivelmente gigantes) e fortes chuvas”. Na região de Blue Mountains, dois jovens, de 16 e 24 anos, foram atingidos por raios durante as tempestade. Ambos estão em condição estável, segundo a agência France Presse.

Na tarde do domingo, a Austrália registrou outro fenômeno meteorológico que transformou o dia em noite em Nova Gales do Sul, quando uma tempestade de areia cobriu cidades inteiras. As nuvens, que mediam cerca de 300 metros de altura, começaram na cidade Narromine e estima-se que sua extensão total seja superior à da cidade inteira.

Os fenômenos ocorreram em meio aos esforços da Austrália de se recuperar dos mais de quatro meses ininterruptos de incêndios que devastaram o país e deixaram sua vida selvagem irreversivelmente prejudicada. Em números, foram 10 milhões de hectares destruídos pelo fogo, 29 mortes, 2 mil casas e mais de 1 bilhão de animais incinerados.

O coordenador-geral de pesquisas e desenvolvimento do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), José Antonio Marengo, afirmou que os fenômenos australianos, provavelmente, foram acelerados pela recente onda de incêndios no país. Com o aquecimento e desgaste do solo, ele começa a produzir energia que, em questão de minutos, pode ser transformada em um “tornado” ou em tempestades de areia.

O processo, que deveria ocorrer de forma orgânica e em menor escala, acaba sendo acelerado pela interferência humana. “Se você tirasse toda a população, a seca seria um processo natural, assim como as queimadas. Mas, com a introdução do ser humano, esse impacto fica muito mais forte”, afirmou Marengo.

De acordo com o pesquisador, esse pode ser o início de uma “nova norma meteorológica”. “O que observamos é que os extremos estão mudando: o verão nos EUA bateu recorde de temperaturas altas e o inverno bate recorde de frio. Já estamos sentindo os primeiros sintomas das mudanças climáticas, o que pode acontecer mais frequentemente no futuro.”

Apesar de suas particularidades geológicas, um dos paralelos possíveis entre os efeitos climáticos dos incêndios na Austrália é o que aconteceu com as queimadas na Amazônia, em 2019. Da mesma forma que o desmatamento ajudou a alastrar o fogo no Norte do Brasil, a interferência humana pode ter contribuído para que os problemas se intensificassem na Oceania.

“Todo aquele ‘aerossol’ das queimadas na Austrália podem ter provocado uma reação atípica. É mais ou menos o que aconteceu em São Paulo, quando o dia virou noite”, disse Marengo, notando os efeitos sentidos no Sudest, em agosto, quando uma nuvem cobriu o céu da capital paulista – no caso brasileiro, a causa também teria sido resultado da ação humana.

“Claro que os efeitos são diferentes, pois as partículas de fumaça são diferentes. Mas os impactos são similares. E, de certa forma, a causa seria a mesma: o efeito humano”, afirmou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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