Economia

Déficit comercial dos EUA aumenta em março com queda recorde em exportações

Por Lucia Mutikani

WASHINGTON (Reuters) – O déficit comercial dos Estados Unidos teve em março o maior aumento em mais de um ano, com declínio recorde nas exportações compensando queda nas importações, sinal de que o novo surto de coronavírus está alterando o fluxo global de bens e serviços.

O Departamento de Comércio informou nesta terça-feira que o déficit comercial saltou 11,6%, maior aumento desde dezembro de 2018, para 44,4 bilhões de dólares. Os dados de fevereiro foram revisados para mostrar o déficit comercial se reduzindo a 39,8 bilhões de dólares, em vez dos 39,9 bilhões de dólares relatados anteriormente.

Economistas consultados pela Reuters previam que o déficit comercial aumentaria para 44,0 bilhões de dólares em março.

As quarentenas globais para retardar a propagação do Covid-19, a doença respiratória potencialmente letal causada pelo novo coronavírus, diminuíram a demanda por bens e serviços, levando à contração das economias. Nos Estados Unidos, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu a uma taxa anualizada de 4,8% no primeiro trimestre, queda mais forte desde o quarto trimestre de 2008.

O déficit comercial de mercadorias com a China –politicamente sensível– caiu para 11,8 bilhões de dólares em março, mínima desde março de 2004.

No mês passado, as exportações tiveram queda recorde de 9,6%, para 187,7 bilhões de dólares, menor valor desde novembro de 2016. As exportações de bens caíram 6,7%, maior tombo desde dezembro de 2005, para 128,1 bilhões de dólares. Houve queda nas exportações de bens de capital, que recuaram para o menor nível desde novembro de 2016.

As exportações de veículos e peças automotores atingiram mínimas de novembro de 2011, enquanto as entregas de bens de consumo caíram a um piso em sete anos. As exportações de serviços caíram para o nível mais baixo desde novembro de 2013, provavelmente refletindo as restrições de viagens devido ao Covid-19.

As importações recuaram 6,2%, para 232,2 bilhões de dólares, mínima desde novembro de 2016. As quedas percentuais nas importações foram as maiores desde janeiro de 2009. As importações de mercadorias tiveram retração de 2,3%, alcançando 193,7 bilhões de dólares em março, menor valor desde agosto de 2017.

As importações têm caído em meio à guerra comercial EUA-China. Uma forte redução nas importações de petróleo também foi um fator, visto que os EUA se tornaram um exportador de petróleo no ano passado. O país registrou um superávit recorde de 2,1 bilhões de dólares em petróleo em março.

Surgiram tensões entre Washington e Pequim sobre as origens do coronavírus, aumentando o medo de uma escalada na guerra comercial entre os dois gigantes econômicos.

O secretário de Estado Mike Pompeo disse no domingo que há “uma quantidade significativa de evidências” de que o novo coronavírus surgiu em um laboratório chinês. Um editorial do Global Times da China afirmou que ele estava “blefando”.

Em março, as importações de bens caíram para 192,4 bilhões de dólares, mínima desde agosto de 2017. As importações de peças e motores automotivos e veículos recuaram para 27,8 bilhões de dólares, menor número desde fevereiro de 2015. As importações de bens de consumo recuaram para 47,4 bilhões de dólares, piso desde abril de 2016.

As importações de serviços totalizaram 38,5 bilhões de dólares em março, mínima desde agosto de 2013.

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