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Trump concede indulto a amigo condenado por mentir sobre interferência russa

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente americano Donald Trump concedeu na noite desta sexta-feira (10) o indulto a Roger Stone, seu amigo de longa data, que havia sido condenado a três anos e quatro meses de prisão por mentir para investigadores no caso da interferência russa nas eleições de 2016.
O caso deve aumentar às críticas contra Trump, que já foi acusado por de usar o poder presidencial para benefício próprio ou de pessoas próximas.
Stone, que também atuou como conselheiro político do republicano, deveria se entregar na próxima semana para começar a cumprir sua pena.
Ele foi condenado em 15 de novembro do ano passado por obstruir a Justiça, dar falso testemunho e manipular testemunha –ele tentou impedir o depoimento de uma fonte que teria revelado suas mentiras ao Comitê de Inteligência do Congresso.
Na ocasião, Trump declarou que estudava conceder o indulto ao aliado, mas que iria decidir o assunto posteriormente. Stone também havia dito publicamente que esperava que Trump perdoasse seus crimes -a medida é uma prerrogativa do presidente, segundo a lei americana.
Diferentemente de outras pessoas envolvidas com Trump que acabaram presas, Stone sempre se manteve fiel ao presidente e nunca testemunhou contra ele.
O presidente já tinha se manifestado diversas vezes em defesa do amigo -logo após o julgamento, ele criticou os juízes do caso e afirmou que Stone havia sido vítima de perseguição.
Sem apresentar provas, o republicano acusou inclusive o ex-presidente Barack Obama, o ex-vice Joe Biden (seu rival na disputa à Presidência deste ano) e o ex-diretor do FBI James Comey de estarem envolvidos no caso. Ele tinha voltado ao tema na manhã desta sexta, antes da divulgação do indulto.
“Roger Stone foi tratado injustamente, assim como muitas outras pessoas. E nesse tempo, Comey e todos aqueles caras estão livres, incluindo Biden e Obama -porque nós pegamos eles espionando nossa campanha”, disse o presidente a jornalistas.
Desde que absolvido do impeachment pelo Senado no início do ano, Trump já forçou a saída do governo de diversas pessoas que testemunharam contra ele durante o processo, ao mesmo tempo que deu declaração em defesa de aliados que permaneceram fiéis.
A situação fez os democratas acusarem o presidente e seu secretário de Justiça, William Barr, de politizarem o sistema de justiça criminal dos EUA e de ameaçarem o Estado de Direito.
As denúncias contra o amigo do presidente surgiram a partir da investigação do procurador especial Robert Mueller, que detalhou a interferência russa nas eleições de 2016 em benefício da candidatura de Trump.
Moscou teria usado hackers e propagandas em redes sociais e tido diversos contatos com agentes da campanha do republicano. Stone foi um dos vários associados de Trump acusados no inquérito conduzido por Mueller.
Segundo os promotores, Stone mentiu para o Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados sobre suas tentativas de entrar em contato com o WikiLeaks.
O site de Julian Assange divulgou emails da democrata Hilary Clinton -rival de Trump em 2016-, prejudicando sua campanha na corrida presidencial. Oficiais de inteligência concluíram que as correspondências haviam sido roubadas por hackers russos.
Autodenominado “trapaceiro sujo” e “agente provocador” e famoso por ter o rosto do ex-presidente Richard Nixon tatuado nas costas, Stone começou sua carreira como assessor de Nixon e é ex-sócio de Paul Manafort, que liderou a campanha presidencial de Trump durante vários meses em 2016.
Manafort foi condenado por diversos crimes federais decorrentes da investigação de Mueller.
Stone foi preso em janeiro de 2019, em uma investida do FBI antes do amanhecer à sua casa na Flórida. Ele foi solto após assinar um título de US$ 250 mil (R$ 1,3 milhão), que não exigia depósito de dinheiro caso ele continuasse a comparecer perante a corte quando convocado.

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