Agência Brasil

Efeitos da Pandemia no Mercado Nacional

Efeitos da Pandemia no Mercado Nacional

A economia brasileira ainda não havia se recuperado dos períodos de recessão dos anos de 2015 a 2017 quando se viu, mais uma vez, diante uma questão global, que desafiava todos os setores e classes econômicas.

Contra todas as perspectivas mais otimistas, já é possível compreender que os efeitos econômicos da pandemia não se encerrarão quanto toda a população estiver vacinada. Eles se estenderão por um longo período e continuarão afetando, de formas diversas, a vida e os negócios de milhares de pessoas.

Em fevereiro de 2020, a taxa de pessoas sem ocupação era de 11,6% da população nacional, um número que deve ser considerado, no mínimo, preocupante. A previsão era que até o fim do ano, a porcentagem chegasse a 14,7.

Segundo dados divulgados pela Secretaria Especial de Produtividade e Emprego do Ministério da Economia (Sepec/ME), os setores mais afetados pela pandemia foram:

  • Atividades artísticas, criativas e de espetáculos;
  • Transporte aéreo;
  • Transporte ferroviário e metroferroviário de passageiros;
  • Transporte interestadual e intermunicipal de passageiros;
  • Transporte público urbano;
  • Serviços de alojamento;
  • Serviços de alimentação;
  • Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias;
  • Fabricação de calçados e de artefatos de couro;
  • Comércio de veículos, peças e motocicletas.

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas expôs dados que indicavam que em apenas 15 dias, entre março e abril de 2020, micro e pequenas empresas já teriam demitido 9,3 milhões de trabalhadores.

Em contrapartida a tudo isso, alguns setores não só tiveram aumento na demanda e no faturamento, como também geraram empregos, mostrando que há uma tendência de mercado que cria estímulo para profissionais de tecnologia das mais diversas áreas.

Abaixo, algumas informações que chamam a atenção para alguns segmentos que continuam se desenvolvendo, mesmo em um cenário de incertezas sociais e econômicas:

Serviços Digitais

Desde 2006, segundo dados da pesquisa PwC Brasil, a Total Retail 2017, a prestação de serviços online nunca deixou de crescer.

Ainda assim, a busca por serviços digitais nunca foi tão grande como tem sido desde o início da pandemia.

Marcelo Ferreira, empreendedor digital há mais de 16 anos, e responsável pela empresa BQHost, relata que nunca houve tanta procura por informações sobre quanto custa um site profissional.

“A transição do mercado físico para o virtual continua crescendo, mesmo depois de 1 ano de pandemia. As pessoas perceberam quer ter um site institucional, ou mesmo comercial, é uma alternativa escalável para os seus negócios”, relata Marcelo.

Além de designers, desenvolvedores e programadores, o mercado se abriu como nunca antes para os profissionais de marketing digitais, sejam eles blogueiros, influencers, gerentes de mídia social, analistas e técnicos de dados, especialistas em SEO ou tráfego pago, redatores, fotógrafos, editores de vídeos e imagens, assistentes virtuais e toda a extensa lista de freelancers e microempreendedores que criaram sua própria agencia de marketing digital ou conseguiram melhores condições de colocação ou recolocação dentro de outras agências.

O mercado digital abriu vagas oficiais e oportunidade de serviços autônomos para milhares de pessoas, ajudando a reduzir o impacto social e econômico da crise em diversas frentes, seja gerando emprego, seja reduzindo os problemas de vendas de produtos e serviços dos comércios que estavam fechados.

Vendas Online

Se o setor de serviços digitais cresceu vertiginosamente nos últimos meses, não poderia ser diferente com as vendas online.

Enquanto o mercado local se via obrigado a reduzir despesas e até realizar cortes e demissões, o mercado de vendas online contratava auxiliares de vendas, assistentes logísticos, contadores, administradores, consultores, agências e todo tipo de profissional que pudesse tornar as vendas uma realidade, atendendo à necessidade dos comércios e das pessoas que passaram a ter suas opções de locais para compras reduzidas ou limitadas.

No meio dessa mudança de mercado, as cuponerias tiveram um aumento de até 150% nos seus acessos já que é comum que as lojas ofereçam algum cupom de desconto para os clientes que estão realizando a primeira compra, e isso foi um dos fenômenos mais observados durante o ano de 2020.

Em março, as compras online aumentaram 40% em relação a fevereiro de 2020, segundo informações da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), mostrando que o impacto nas operações de e-commerces, marketplaces e cuponerias seria muito acima do esperado para um espaço tão curto de tempo.

Bruna Bozano, especialista em vendas digitais, conta que a Joias Boz teve que repor seu estoque de pulseiras femininas ainda em maio, logo após o dia das mães, sendo que a previsão era que o mesmo estoque suprisse as vendas do produto até julho ou agosto, mesmo considerando um aumento de vendas previsto por conta da data comemorativa e da previsibilidade do aumento das buscas, mostrando que até as previsões mais otimistas poderiam ser superadas.

Serviços Jurídicos

Além dos negócios digitais, outra área que viu a demanda por seus serviços crescer além da curva foi a de serviços jurídicos.

Nas mais diversas áreas, advogados e consultores foram necessários para auxiliar em questões sociais e econômicas desencadeadas pelo isolamento social.

O número de empresas que fecharam e precisaram entrar em acordo com seus funcionários não foi pequeno, assim como não foi pequena a demanda pelo auxílio para realizar o procedimento de divórcio (o segundo semestre de 2020 registrou o maior número de divórcios registrados em cartórios, em todos os tempos, no Brasil, segundo dados do Colégio Notarial do Brasil — Conselho Federal), ou o ajuste da pensão alimentícia.

Muitas mães que trabalhavam fora e deixavam seus filhos nas escolas, perderam seus empregos e precisaram ficar em casa, o que aumentou a necessidade de auxílio na composição da renda do lar.

Em outro cenário, diversas sociedades precisaram ser encerradas, enquanto empresários tentavam manter suas empresas em atividade e tinham funcionários que também precisavam receber seus salários e outros direitos previstos em lei.

Nos mais diversos campos, a consultoria jurídica evitou desastres e os advogados não apenas auxiliaram na solução de conflitos como também conseguiram gerar empregos e oferecer oportunidades de estágios para formandos que também estavam diante de uma séria questão de comprometimento educacional, visto que muitos perderam as oportunidades de assistirem às aulas presencialmente, em momentos cruciais para sua formação.

Dados econômicos que chamam atenção

Nos mais diversos nichos e segmentos foi possível notar números que chamam atenção para uma tendência de mercado que pode, e provavelmente irá, se consolidar no pós pandemia. Acompanhe:

Empreendedorismo

Entre 7 de março e 4 de julho de 2020, o Portal do Empreendedor registrou 551.153 novos microempreendedores no país. No mesmo período ano anterior haviam sido registrados 16.788 a menos, no mesmo período.

Segundo dados do Ministério da Economia, foram abertos 782 mil negócios no país entre maio e agosto de 2020 (6% a mais do que no quadrimestre anterior).

Compras & Vendas

A empresa Compre&Confie registrou que o e-commerce registrou um aumento geral de 81% nas vendas em relação ao mesmo mês do ano anterior.

70% dos consumidores digitais pretendem continuar comprando online mesmo após o término do isolamento social.

Educação

Em abril de 2020, um levantamento do Google apontou que a busca por cursos de especialização à distância cresceu 130% em relação à março do mesmo mês.

A Fundação Getúlio Vargas (FGV), registrou 400% de aumento de adesão em suas formações online gratuitas no mês de abril de 2020, em comparação com os meses de janeiro e fevereiro do mesmo ano.

Delivery

Segundo pesquisa realizada pela Mobills, Rappi, Ifood e UberEats cresceram 103% de janeiro a junho de 2020.

Entre março e dezembro de 2020, 100 mil novos restaurantes passaram a fazer parte do iFood, segundo Felipe Crull, diretor comercial da empresa.

Casa e Construção

O crescimento do faturamento total da Telhanortecresceu mais de dois dígitos em 2020 comparado com 2019.

O e-commerce da empresa triplicou de tamanho.

Segundo o CEO da Telhanorte Juliano Ohta, o setor de material de construção como um todo se beneficiou pelo movimento do “home centric”, em que as pessoas passaram a trabalhar e passar mais tempo dentro de casa.

Conclusão

Olhar para tanta informação pode causar confusão na mente de quem ainda não sabe como sair dos dilemas econômicos impostos pelo coronavírus mas após algum tempo de estudo e observação, esses dados podem levar o empreendedor a entender um caminho em que ele possa, não apenas sobreviver em meio à crise, mas conseguir também gerar empregos, recursos, facilidades, soluções e oportunidades para outras pessoas, como fizeram os empreendedores citados nos nichos acima.

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