Brasil

Mandetta sugere que senador fez pergunta na CPI enviada por ministro de Bolsonaro

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta disse nesta terça-feira que o senador Ciro Nogueira (PP-PI) lhe fez uma pergunta, durante depoimento na CPI da Covid, idêntica a questionamento enviado na véspera por mensagem pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, sobre o que considera a “narrativa” de ficar em casa para tratar o coronavírus.

Em seu questionamento, Ciro Nogueira disse que as recomendações de Mandetta de supostamente só procurar os serviços de saúde em caso de sintomas mais avançados de Covid foram equivocadas e “fundamentais para atingir exorbitante número de mortes no país” pela Covid.

“Caro senador Ciro Nogueira, ontem eu recebi esta pergunta exatamente nesta íntegra do ministro Fabio Faria, acho que ele inadvertidamente mandou para mim a pergunta e quando eu ia responder ele apagou a mensagem. Então vou responder para o senhor, mas também para o meu amigo, foi parlamentar comigo, ministro Fábio Faria”, respondeu Mandetta.

Faria rebateu Mandetta em vídeo publicado em seu Twitter durante o depoimento do ex-ministro à CPI. Segundo o titular das Comunicações, o ex-ministro sempre disse para as pessoas não procurarem os hospitais quando tiverem sintomas, mas sim apenas se apresentarem falta de ar.

“O senhor se arrepende de ter feito esta recomendação? O senhor reiteraria hoje essa mesma recomendação? O senhor se considera um genocida por ter feito essa recomendação?”, questionou.

Faria disse ter comentado a questão com o senador Ciro, de quem se disse amigo desde 2007. No vídeo, ele não negou ter enviado a mensagem a Mandetta.

Segundo o ex-titular da Saúde, sua intenção à frente da pasta era montar uma rede de suporte médico às pessoas, com o aumento da porta de entrada da atenção primária, ampliação no atendimento para 24 horas, serviços de telemedicina para monitorar pacientes diariamente.

Mandetta detalhou que, de cada 100 pessoas com Covid naquele momento, 85 evoluíam bem, apresentando apenas formas leves ou assintomáticas, outras 15% teriam algum tipo de complicação e desses, 5% uma forma mais grave, precisando ou não de intubação.

“Agora, quando se criou essa narrativa, ela é uma narrativa muito interessante de internet, eu percebi essa narrativa vindo, ela sobe nos trending topics, ela flutua. Eu vejo ela uma guerra de narrativa de quem só fez por ciência, só fui no que eu tinha em cima da minha mão, da mesa, o que é ciência, o que está na OMS, preserva vida, o que pode fazer pelo SUS”, destacou.

O ex-ministro –que ficou no cargo do início do governo Jair Bolsonaro até abril do ano passado– disse que o ideal era ter equipamentos e pessoal para levar adiante o trabalho.

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