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Paulo Ricardo, Carlos Vergara e Portela venderão obras em plataforma brasileira de NFT

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A recém-criada plataforma de NFT Miintme lançou no último domingo (31) obras do artista Carlos Vergara, 79. São as primeiras criações digitais do gravador, fotógrafo e pintor gaúcho, que vai ter mais obras exibidas no site ao longo desta semana.

Vergara será seguido por outros artistas que disponibilizarão obras no formato que está movimentando fortunas entre os entusiastas de criptoativos. Ainda sem data para divulgação, a Miintme está com parcerias com o cantor Paulo Ricardo e a escola de samba Portela.

Os tokens não fungíveis, de onde vem a sigla NFT, criam assinaturas digitais que permitem singularizar o que se tornou banal e facilmente reproduzível na internet. É assim que memes, tuítes e peças de arte que não existem fisicamente estão sendo comercializados por milhões de dólares.

Para que a transação ocorra, o arquivo da obra, que pode ser traduzida em um conjunto de dados, é registrado em uma rede descentralizada de internet chamada ethereum (da criptomoeda ether), onde as informações têm inviolabilidade garantida pela criptografia. Esses registros carregam a promessa de valer algo no futuro.

A primeira criação digital de Vergara chama-se Respiração e tem como base outra obra sua, uma foto que integra a exposição Prospectiva. O conteúdo final, uma animação, foi feito a partir de recortes da imagem e terá o som da respiração do artista ao fundo.

As outras obras de Vergara foram feitas em parceria com Alexandre Rangel, artista multimídia que mistura arte com algoritmos e outras tecnologias. Ele fez 41 releituras da obra Feijão, uma das mais célebres de Vergara.

“A gente vai trabalhar muito essa questão do fã. Hoje, quem compra NFT está muito mais nichado no mundo cripto, mas o fã é eterno. Se esse hype vai continuar em uma crescente ou não, não importa. Eu nunca vou deixar de gostar do Paulo Ricardo, por exemplo”, afirma Sergio Campos, presidente-executivo da empresa, citando outro artista que já está com uma música pronta para ser lançada na plataforma –mas ainda sem data.

A melodia será vendida com uma arte do desenhista Mike Deodato.

Uma vez comprado, é possível revender o NFT, mas não a obra. A propriedade intelectual segue sendo do artista, o que impossibilita comercializar a arte em plataformas de música e outdoors, por exemplo.

Até mesmo Campos tem dificuldade de determinar por que comprar uma peça nesse formato. Ele fala em três pilares de valor: o artístico, o da escassez –característica pela qual o NFT é responsável, por tornar o registro único– e o emocional, de identificação com a obra.

“Não é só o pilar sentimental, nem só o pilar do valor artístico nem só o pilar da escassez. É um somatório de tudo isso”, resume.

Sócio-diretor de outra marca, a Klefer Marketing Esportivo, Campos, que tem estudado blockchain, teve a ideia de criar a plataforma no início deste ano, após um contato com o filho de Carlos Vergara, estrela da estreia do site.

O publicitário afirma que a Miintme vai ser mais que uma plataforma de venda de NFTs. “É como se a gente fosse uma plataforma boutique. Vamos trabalhar com poucos artistas, mas com projetos que a gente desenvolva em conjunto, uma parceria mais duradoura.”

No caso de uma música, a empresa poderia arcar com os custos da produção, como locação de estúdio e contratação de arranjador. Esse modelo, em contrapartida, faz com que a porcentagem da venda para o artista seja menor em relação a negócios semelhantes.

Até sexta-feira (29), esse mercado já havia movimentado mais de US$ 9,369 bilhões (R$ 52,864 bilhões), de acordo com o NonFungible, site que monitora o setor. Apesar da cifra, o termo é desconhecido para grande parte do público e vive uma bolha financeira, segundo especialistas.

Campos defende que a Miintme tem o potencial de ter um papel didático para o brasileiro. Não será necessário ter uma carteira digital de criptomoedas, por exemplo: o pagamento poderá ser feito por meio de cartão de crédito. Tours em museus virtuais a cada lançamento de coleção serão outro atrativo.

“A gente quer que as pessoas olhem, visitem, entendam da arte, conheçam os artistas”, diz Campos.

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