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Reinado da rainha Elizabeth completa 70 anos: qual o legado?

Por Michael Holden e Sarah Mills

LONDRES (Reuters) – O Reino Unido saudará neste domingo o 70º aniversário da ascensão da rainha Elizabeth 2º ao trono, mas enquanto a monarca celebra outro marco, como seu reinado recorde será lembrado?

Para alguns analistas, o reinado dela foi uma ‘era de ouro’, que lembra a de sua xará Elizabeth 1ª, que governou a Inglaterra há 400 anos, no que é considerado um dos períodos mais gloriosos do país.

Outros dizem que o legado da monarca de 95 anos é muito menos significativo, mas ainda assim notável: garantir que a monarquia sobreviva em um período de grande agitação social e econômica.

“Acredito que a rainha tenha feito um bom papel”, disse Anna Whitelock, professora de História da Monarquia na City University, de Londres.

“A definição de sucesso para qualquer monarca ao longo do tempo é preservar a monarquia e garantir a sucessão. Esse é o trabalho principal, e foi isso que ela fez.”

Elizabeth subiu ao trono aos 25 anos em 6 de fevereiro de 1952, com a morte de seu pai, George 6º, herdando o domínio sobre um Reino Unido que emergia dos estragos da Segunda Guerra Mundial, quando o racionamento ainda estava em vigor e Winston Churchill era primeiro-ministro.

Desde então, presidentes, papas e primeiros-ministros vieram e se foram, a União Soviética entrou em colapso e o outrora poderoso império britânico se dissipou, substituído por uma Commonwealth de 54 nações que Elizabeth foi fundamental na criação, e cujo sucesso muitos consideram como sua maior conquista.

“Nenhuma das outras potências imperiais conseguiu isso… e no Reino Unido, grandes mudanças sociais e econômicas foram realizadas de forma pacífica e consensual”, disse o professor Vernon Bogdanor, especialista em história constitucional britânica. “Isso é muito notável.”

Sem nunca ter concedido uma entrevista ou proferido suas opiniões pessoais sobre questões políticas, sua própria avaliação de reinado –o mais longo da história britânica– é difícil de determinar. Um assessor da realeza disse à Reuters que consideraria seu legado como uma questão a ser julgada por outros.

O historiador David Starkey disse que não haveria uma segunda ‘era Elizabeth’, já que a rainha não considerava seu papel como um período histórico, mas apenas fazendo um trabalho.

“Ela não fez e não disse nada que alguém vá se lembrar. Ela não vai dar nome à sua era. Ou, suspeito, a qualquer outra coisa”, escreveu ele em 2015.

“Digo isso não como crítica, mas simplesmente como uma constatação de um fato. Até como uma espécie de elogio. E, suspeito, a rainha aceitaria como tal. Pois ela subiu ao trono com um único pensamento: manter a realeza nos trilhos.”

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