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Novas dicas para quitar com as dívidas e deixar de ser inadimplente

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Pravinrus Khumpangtip/Istockphoto.com

Novas dicas para quitar com as dívidas e deixar de ser inadimplente Parcela de pessoas que não conseguem pagar dívidas aumentou; economista ensina passo a passo para mudar a situação.

A parcela de inadimplentes, aqueles que têm contas ou dívidas em atraso, chegou a 28,7% das famílias brasileiras em maio. É a oitava alta consecutiva do indicador, que vem crescendo desde outubro de 2021. Os dados são da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, da CNC (Confederação Nacional do Comércio), divulgados na última terça-feira (7).

A situação se agravou diante da alta da taxa de juros. A taxa básica de juros da economia, a Selic, passou de 2% ao ano, em março de 2021, para 12,75% ao ano, agora em maio, e deve subir ainda mais nesta semana, após reunião do Copom marcada para começar nesta terça-feira (14). A nova taxa Selic deve ser divulgada ao término da reunião do Comitê de Política Monetária, na quarta-feira (15).

Mas o que significam juros altos no dia a dia?

A chefe de economia da Rico Investimentos, Rachel de Sá, explica que, como a taxa Selic serve de base para todas as outras taxas de juros da economia, o principal impacto de sua elevação é deixar o crédito mais caro.

Juros mais altos trazem boas oportunidades de investimento na renda fixa, mas, para quem precisa de dinheiro porque está endividado, uma taxa de juros mais elevada significa que o crédito para o endividado fica mais caro também, o que dificulta o pagamento das dívidas. 

“Conforme a preocupação sobre ter o ‘nome sujo na praça’ aumenta, passamos a ver um triste quadro tomar forma: o da procura por soluções – muitas vezes bastante arriscadas ou até ilegais – para ‘sair do vermelho'”, diz a economista.

Para ajudar os endividados a sair dessa situação, a especialista lista cinco boas práticas que podem facilitar a volta ao equilíbrio financeiro e até a passagem para o outro lado, o do investidor. 

Confira as dicas:

Passo 1: Avalie para onde está indo seu dinheiro

Antes de tudo, entenda para onde está indo seu dinheiro. É a partir desse passo que você poderá procurar reduzir alguns gastos, priorizando outros, e otimizar suas finanças. Ou seja, gastar bem para gastar menos. 

Um exemplo: ao identificar que gasta muito com compras para a casa no mercado, um hábito a ser criado pode ser o de contar sempre com uma lista de compras detalhada. Atentar-se à lista vai ajudar a reduzir compras por impulsividade e sem necessidade. 

Outro exemplo pode ser o parcelamento de compras, quando há a possibilidade de desconto à vista. “Como sabemos, o famoso ‘dez vezes sem juros’ já embute no preço inicial o valor dos juros vigentes, considerando que a loja estará, de fato, ofertando um crédito ao cliente. Caso já tenha o dinheiro disponível, sempre busque descontos para pagamentos à vista, e evite parcelamentos excessivos, que podem sair de seu controle”, diz.

Passo 2: Primeiro quite dívidas, depois pense em poupar

Primeiro quite dívidas, depois pense em poupar. Para isso, faça um raio-x do total de dívidas que tem no momento, quanto elas impactam mensalmente as suas contas e comece a trabalhar para quitá-las.

E isso inclui, sim, sair de eventuais investimentos – desde que não haja penalidades ou perdas que superem o valor da sua dívida.

A máxima de quitar dívidas antes de investir se torna particularmente importante porque, com raríssimas exceções, sua dívida terá juros muito mais altos do que um investimento pode oferecer no mesmo período. Ou seja, na maioria das vezes, a rentabilidade de um investimento dificilmente compensa o crescimento da dívida. 

A dica aqui é transformar a quitação das dívidas em sua primeira meta financeira, estabelecendo quanto você pode pagar mês a mês e em quanto tempo você conseguirá pagar tudo. Se for parcelar, procure alternativas com a menor taxa de juros, pois isso pode aumentar mais ainda o tempo que você vai passar pagando essas dívidas.

3. Saia do rotativo, do parcelado e do cheque especial

Toda dívida tem juros, pois quem empresta dinheiro quer ser remunerado por isso, seja um banco, seja uma pessoa física. A diferença é que os juros cobrados do devedor variam bastante, de acordo com a modalidade de crédito. 

Isso significa que, muitas vezes, você pode optar por uma dívida com juros menores.

A tabela abaixo compara uma mesma dívida de R$ 1.000 evoluindo de acordo com quatro modalidades de crédito: cheque especial, crédito rotativo e crédito parcelado (ambos sobre dívidas de cartão de crédito), e empréstimo pessoal sem consignado. 

Vale destacar que o exercício não leva em conta encargos e multas, considerando apenas os juros cobrados no período. De qualquer forma, vale observar os contratos de empréstimos para que esses valores não sejam abusivos.

Como podemos ver acima, as modalidades de crédito mais caras, comparativamente, são aquelas relacionadas ao cartão de crédito. 

No crédito rotativo, estamos falando do famoso “pagamento mínimo” da fatura mensal do cartão de crédito – que só pode ser cobrado por no máximo 30 dias. Em seguida, vemos o parcelamento (da fatura do cartão de crédito), que, por determinação do Banco Central, precisa oferecer melhores condições de pagamento ao cliente (do que o rotativo).

Assim, caso você entre em uma dívida de cartão de crédito, é melhor parcelar o pagamento desde o início, e já saber de antemão quanto será cobrado mês a mês.

Porém, como também vemos na tabela acima, uma opção melhor seria negociar um empréstimo pessoal (mesmo que você não tenha a opção de fazer consignado, o que exige certos requisitos como emprego fixo formal), que apresenta os menores juros médios relativos. 

Isso acontece porque, ao negociar um empréstimo, a instituição financeira passa a ter mais informações sobre você, suas condições financeiras e profissionais, e não precisa “considerar que esse dinheiro não será pago nunca”.

Em economia, chamamos isso de ‘assimetria de informações’. Quanto menos informações a instituição tiver de você, mais ela vai cobrar para emprestar a você – afinal, é melhor prevenir do que remediar (no caso, levar um calote), não é mesmo? 

RACHEL DE SÁ, CHEFE DE ECONOMIA DA RICO INVESTIMENTOS

É o mesmo caso do cheque especial. Por ser uma modalidade com menos informações ou negociação com o cliente, ela possui juros mais altos. Uma alternativa ao cheque especial é, novamente, a negociação de um empréstimo pessoal com menores juros.

4. Negocie suas dívidas

Negociar as dívidas é uma fase muito importante do caminho rumo ao equilíbrio financeiro. Comece fazendo um levantamento junto às instituições nas quais você possui dívidas: quais os juros que você está pagando, qual o tamanho da dívida? Se necessário, volte ao passo 3 e verifique se as taxas que você está pagando em cada produto são proporcionais ao valor que você utilizou. 

Além disso, é possível usar algumas ferramentas que instituições financeiras disponibilizam, como os feirões de renegociação de dívidas da Serasa e as campanhas de quitação de empréstimos dos bancos. 

5) Lembre-se de que dívidas não deixam de existir

Não se engane. Diferentemente do que muitos acreditam, as dívidas não deixam de existir com o tempo, ou “caducam” como pontos na carteira de habilitação após um ano.

Não caia nessa! Não existe uma “zona de perdão” para dívidas, seu nome vai ficar registrado no sistema como mau pagador, prejudicando você na hora em que precisar de recursos para realizar seus sonhos.

O melhor a fazer é procurar renegociar a dívida assim que perceber que não vai poder arcar com ela, antes que a pendência vire uma verdadeira bola de neve. Fonte: R7

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