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Ataque hacker a sistema da Prefeitura do Rio paralisa venda de imóveis, emissão de nota fiscal e cadastro para benefícios sociais

De transações imobiliárias a emissão de nota fiscal eletrônica, publicação do Diário Oficial e até o cadastro para receber benefícios sociais. Todos esses são serviços que um ataque hacker prejudicou ao derrubar na madrugada de segunda-feira a central de informática da prefeitura. O município informou que técnicos do IplanRio, empresa municipal de informática, já conseguiram reassumir o controle da administração e da rede, mas que o sistema continua off-line até que o ambiente digital esteja totalmente seguro. Na manhã desta quinta-feira (18), ainda não há previsão para o retorno dos serviços afetados.

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A invasão foi registrada na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), que aguarda mais informações das autoridades. O prefeito Eduardo Paes disse ontem que houve uma tentativa de roubo de dados sigilosos do governo:

— A ordem é que os serviços sé sejam plenamente restabelecidos quando a gente tiver muita certeza de que não tem nenhuma informação particular em risco.

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Os sistemas da Secretaria municipal de Fazenda, responsáveis pela emissão da Nota Carioca e pela arrecadação do IPTU e do ITBI, foram retirados do ar preventivamente para, segundo a pasta, preservar a integridade dos dados. A arrecadação não deve ser afetada com a paralisação, informou a secretaria. Porém, representantes do setor imobiliário dizem que o fechamento de negócios tem sido prejudicado. De acordo com o Conselho Regional de Corretores de Imóveis (Creci-RJ), há na cidade do Rio 4.391 imobiliárias, que estão tendo seu trabalho afetado.

— Cada empresa, nesses últimos dias, deixou, não só de fazer novos negócios, como de efetivar aqueles que já estavam em andamento. Elas não conseguem gerar uma guia de imposto nem obter certidões. Hoje o mercado é totalmente digitalizado. Eu entro aqui (na internet) e tiro certidão de nada consta, segunda via de IPTU, consigo fazer a geração da guia do ITBI — afirmou João Eduardo Corrêa, vice-presidente do Creci-RJ. — Esse tipo de ataque impacta diretamente o mercado imobiliário.

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O prefeito do Rio, Eduardo Paes, tem publicado nas redes sociais diariamente sobre a paralisação dos serviços. Na manhã desta quinta-feira, numa publicação em sua conta oficial no Instagram, listou como cada setor foi afetado e as medidas para minimizar os impactos.

“Lamentamos todos os transtornos causados a vocês, cariocas, e ressaltamos que as nossas equipes estão trabalhando dia e noite para que os sistemas do portal da Prefeitura voltem à normalidade. Registramos a ocorrência na Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática para que o responsável seja identificado e punido”, escreveu em trecho da mensagem.

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Josué Madeira, diretor da Lopes Enjoy Imóveis, com sete unidades na cidade, empresa que capta mensalmente cerca de 500 imóveis usados, disse que, desde segunda-feira, não tem sido possível fazer escrituras porque não tem como calcular e processar a certidão de quitação do ITBI.

— Não estou conseguindo informar ao cliente com precisão qual o valor do ITBI na compra que está fazendo — disse Madeira. — Negócios estão sendo postergados em razão disso. O impacto é maior no caso de imóveis usados.

A pane no sistema tem feito os contribuintes recorrerem ao bom e velho papel. Quem recolhe o Imposto sobre Serviços (ISS) e precisa da Nota Carioca, nesses tempos off-line, deve emitir um Recibo Provisório de Serviço (RPS), que pode ser comprado em papelarias. Também é possível imprimir um modelo pronto e preenchê-lo. Esse recibo deverá ser convertido em nota digital eletrônica em até 20 dias após a data da realização do serviço. A Secretaria de Fazenda vai publicar resolução para desconsiderar os dias de paralisação como dias úteis.

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O apagão deixou ainda mais difícil a vida de quem tenta ser incluído no Cadastro Único de Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), base de dados usada para a liberação de diversos benefícios sociais, incluindo o Auxílio Brasil. Esse cadastramento é feito nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras), da prefeitura, que ontem fecharam as portas. No dia anterior, os dados dos beneficiários foram anotados em formulários, pois o sistema já estava fora do ar. Ontem nem isso.

Desavisados, muitos cariocas dormiram na fila na madrugada de ontem na porta dos centros. No Cras José Carlos Campos, em Rocha Miranda, na Zona Norte do Rio, por exemplo, dois cartazes informavam que todos os atendimentos do CadÚnico estavam suspensos, mas muitos disseram que era difícil enxergá-los devido à falta de iluminação durante a noite. Terceira da fila, a manicure Marta Soares, de 47 anos, chegou ao local à 1h, para guardar o lugar para a filha, mãe de um menino de 2 anos, e evitar que ela passasse a noite no frio com a criança.

— Quando cheguei estava escuro e aqui não tinha luz. Não dava para ver o aviso — contou.

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Os funcionários da unidade chegaram pouco depois das 8h e informaram que um terceiro cartaz colocado no portão foi arrancado na noite anterior. A dona de casa Danile Araújo, de 32 anos, foi pela segunda vez à unidade para tentar cadastrar a sobrinha, que tem deficiência:

— Na primeira, não consegui ser atendida porque encerraram a fila antes da minha vez. Agora cheguei às 5h30, e fui direto para o fim da fila, longe da entrada, onde colocaram os cartazes. Ninguém sabia que não ia ter atendimento.

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Mãe de uma menina de 6 anos com diabetes e de um menino de 2 com suspeita de autismo, a bordadeira Jaqueline Silva de Santana, de 38, voltou pela quinta vez ao Cras para tentar a liberação do Auxílio Brasil. Ela fez o pedido em maio, mas ainda não recebeu o benefício.

— Vim com um dinheiro de passagem que eu não tinha. Estamos passando um aperto danado. Agora é esperar quando voltarem a atender — lamentou.

A amplitude do problema também atinge a Secretaria municipal de Transportes: se, por um lado, o aplicativo Taxi.Rio não parou, por outro os motoristas, cujos carros têm final de placa 6, reclamam que não estão conseguindo agendar a vistoria, que deve ser feita até a próxima segunda-feira. Eles esperam que a prefeitura prorrogue esse prazo, pois temem a aplicação de multa ou até mesmo a apreensão do veículo.

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— Tentei agendar a vistoria esta semana e não consegui. A gente tem que juntar a documentação e, se tiver alguma pendência, só descobre no momento do agendamento. Se cair na exigência de certidões criminais, por exemplo, o acaso complica porque elas demoram pelo menos cinco dias para ficar prontas. Taxa de vistoria também demora cinco dias para compensar. A culpa não é nossa. A meu ver, o ideal seria a prefeitura estender o prazo — sugere um motorista que preferiu não se identificar.

A Secretaria Municipal de Transportes informou que irá prorrogar os prazos de vistoria de táxis, ônibus, vans e Kombis de transporte de passageiros e fretamento, além de veículos de transporte escolar.

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Na Secretaria municipal de Saúde, o atendimento aos pacientes e o Sistema de Regulação (Sisreg) não foram afetados, mas algumas unidades de saúde, que funcionam com a rede do Iplan, não puderam fazer a inserção de pedidos de exames e consultas. Neste caso, segundo a prefeitura, o processo está sendo registrado manualmente e depois será inserido no sistema. Prontuários de papel também estão sendo adotados nas unidades de urgência e emergência da rede.

Escaparam do apagão o Centro de Operações Rio (COR) e o serviço do 1746. A expectativa, de acordo com a prefeitura, é que Diário Oficial volte a ser publicado hoje.

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