Economia

Dólar acompanha exterior e ganha fôlego ante real; Fed segue sob holofotes

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar abandonou perdas iniciais e passava a subir frente ao real nesta quinta-feira, acompanhando recuperação da divisa norte-americana no exterior, conforme investidores continuavam digerindo a ata da última reunião de política monetária do banco central dos Estados Unidos, o Federal Reserve.

Às 11:00 (de Brasília), o dólar à vista avançava 0,49%, a 5,1935 reais na venda. Mais cedo, na mínima do dia, a moeda norte-americana caiu 0,76%, a 5,1291 reais, movimento que alguns participantes do mercado atribuíram a um ajuste, depois de o dólar ter avançado nos últimos três pregões –período em que acumulou alta de 1,85%.

No entanto, o dólar logo devolveu completamente suas perdas iniciais, em linha com aceleração dos ganhos do índice do dólar contra uma cesta de moedas fortes. Depois de mais cedo chegar a passear brevemente por território negativo, às 11h (de Brasília) o índice avançava quase 0,4% frente a seus pares de países desenvolvidos, e tocou um pico desde o final de julho.

Investidores ainda repercutiam a ata da última reunião de política monetária do Fed, em que o banco central não sinalizou explicitamente a continuidade dos superaumentos de juros de 0,75 ponto percentual que adotou em suas últimas duas reuniões, mas reforçou a necessidade de continuar esfriando a inflação.

Participantes do mercado tendem a reforçar a busca por dólares quando o banco central dos EUA oferece sinalizações mais duras sobre seu combate à inflação, e, no sentido oposto, costumam migrar para ativos mais arriscados após comunicações mais brandas.

Estrategistas da Guide Inestimentos disseram em relatório que “fica a dúvida se a recuperação recente dos mercados, pautada em expectativas de um Fed menos agressivo em 2022 e na possibilidade de o juro americano cair já no fim de 2023, não é exagerada –tendemos nessa direção e, portanto, voltamos a reforçar uma maior cautela olhando para frente”.

Operadores precificavam chance ligeiramente maior de o Fed aumentar sua taxa de juros em 0,50 ponto percentual no próximo mês quando comparada à probabilidade de ajuste maior, de 0,75 ponto.

Enquanto isso, no Brasil, o foco seguia sobre campanha eleitoral, com destaque para a divulgação, nesta quinta-feira, de pesquisa Datafolha.

Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital, disse à Reuters não ver efeito do noticiário político na volatilidade do mercado de câmbio, pelo menos por ora. “A posse de (Alexandre) Moraes (na presidência do Tribunal Superior Eleitoral) eventualmente trouxe alguma perspectiva, ainda que temporária, de alguma pacificação no plano político”, o que pode dar suporte temporário ao real, disse ele.

O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) compareceu à posse do ministro nesta semana, iniciativa que foi vista como um sinal de ao menos uma trégua temporária entre as duas autoridades, depois que Bolsonaro fez nos últimos meses sucessivos ataques a Moraes e ao sistema de voto em urnas eletrônicas.

Na B3, às 11:00 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,50%, a 5,2125 reais.

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