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Dólar acelera queda frente ao real com ajuste antes de mais falas de Powell

O dólar acelerava as perdas frente ao real nesta quarta-feira, ajustando-se para baixo uma vez que investidores não esperam grandes surpresas em novas falas do chair do Federal Reserve, Jerome Powell, ao Congresso dos Estados Unidos.

Na véspera, falando ao Senado norte-americano, Powell assustou os mercados ao deixar a porta aberta para a retomada de altas de juros mais agressivas, de 0,50 ponto percentual, por parte do banco central dos EUA, o que elevou o dólar globalmente.

Às 10:55 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,82%, a 5,1511 reais na venda. Na terça-feira, havia subido a 5,1938 reais, ganho de 0,47%.

Na B3, às 10:55 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,83%, a 5,1765 reais.

Segundo Hideaki Iha, operador da Fair Corretora, a aceleração das perdas do dólar frente ao real reflete um “desconto” após a valorização da divisa norte-americana na véspera, na esteira das falas de Powell, bem como expectativas de que a nova aparição do chefe do Fed no Congresso nesta sessão não traga surpresas ao mercado.

A nova audiência de Powell, desta vez frente à Câmara dos Deputados, começa a partir das 12h (de Brasília).

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O índice do dólar contra uma cesta de pares fortes rondava a estabilidade no dia, enquanto a divisa norte-americana caía contra algumas moedas arriscadas importantes, movimento atribuído por profissionais do mercado a um ajuste em relação à disparada do pregão anterior. Dólar australiano e pesos mexicano e chileno, por exemplo, registravam ganhos pela manhã.

Enquanto isso, no Brasil, investidores seguem na expectativa pela divulgação do novo desenho de arcabouço fiscal prometido pelo governo para ser anunciado ainda este mês. Agentes financeiros têm dado o benefício da dúvida ao plano do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para as contas públicas, embora muitos temam que a proposta não seja suficiente para conter o aumento da dívida.

Para Iha, uma redução nos ruídos domésticos envolvendo o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Banco Central colaborava para o arrefecimento do dólar frente ao real. No mês passado, ataques do petista ao patamar da taxa Selic, atualmente em 13,75%, geraram forte turbulência no mercado financeiro.

Apesar do ajuste para baixo da moeda norte-americana nesta sessão, Iha disse que a tendência é o dólar retornar para patamares mais próximos de 5,20 reais, principalmente em função do posicionamento ainda agressivo do Federal Reserve.

“A questão não é só (a possibilidade de alta de juros de) meio ponto percentual, é o tempo que vai durar” a política monetária restritiva nos Estados Unidos, explicou o operador.