Parte técnica do arcabouço fiscal está pronta e palavra final será de Lula, diz Haddad
BRASÍLIA (Reuters) -O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira que a área técnica do governo já concluiu a proposta do novo arcabouço fiscal e agora serão elucidados questionamentos feitos pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que dará a palavra final sobre a nova âncora para as contas públicas.
“A palavra final é sempre do presidente”, disse Haddad a jornalistas ao fim de reunião ministerial com Lula. “Vamos fazer a devolutiva para ele e a gente espera, nos próximos dias, voltar a ele para saber se há outras dúvidas que ele possa considerar.”
Segundo o ministro, o presidente está bem e comandou a reunião realizada no Palácio da Alvorada. Lula foi diagnosticado na noite de quinta-feira com uma pneumonia leve e adiou para domingo embarque da viagem que fará para a China.
Sobre o crédito consignado, Haddad afirmou ter identificado problemas na modalidade, particularmente no crédito rotativo, que terão que ser resolvidos. Ele disse que alguns bancos já estão adotando uma taxa máxima inferior a 2% no crédito com desconto em folha.
O governo criou um grupo de trabalho para tratar do crédito consignado depois que vários bancos suspenderam essas operações após o Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS) aprovar a redução do teto dos juros da modalidade, em ação que Lula classificou como “precipitada”.
O CNPS definiu na semana passada o novo limite em 1,70% por mês, uma diminuição de 0,44 ponto percentual no índice autorizado para instituições financeiras. O governo já anunciou que esse limite será ajustado, mas seguirá abaixo de 2%.
“Alguns bancos já estão com taxa inferior a 2%, mas a gente identificou outros problemas, que até inspiram mais cuidados. Por exemplo, o rotativo do consignado, uma coisa que preocupa muito, porque muitas famílias não estão conseguindo sair do rotativo do consignado”, disse Haddad, acrescentando que o resultado do grupo de trabalho deve ser apresentado a Lula depois de sua viagem à China.
(Reportagem de Victor BorgesTexto de Isabel VersianiEdição de Alexandre Caverni e Pedro Fonseca)
