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Marisa capta R$90 mi com controladores através de debêntures simples

SÃO PAULO (Reuters) – A Marisa Lojas anunciou a emissão de três séries de debêntures simples no montante total de 90 milhões de reais, com colocação privada exclusivamente junto a acionistas controladores, como parte de plano de restruturação, segundo fato relevante nesta quinta-feira.

A Marisa já havia anunciado o aporte de 90 milhões de reais pelos controladores, mas não tinha dito de que forma a operação seria feita.

A empresa disse que as debêntures foram integralmente subscritas e pagas nesta quinta-feira. Segundo a ata da reunião do Conselho de Administração na qual as emissões foram aprovadas, Decio Goldfarb, Márcio Luiz Goldfarb e Denise Goldfarb Terpins, membros da família fundadora da Marisa, integralizarão cada um 30 milhões de reais.

Os recursos serão utilizados na totalidade para aumento de capital da MPagamentos, braço financeiro da companhia, a fim de reenquadrá-la nos parâmetros operacionais determinados pelo Banco Central, afirmou a Marisa.

As emissões de debêntures são cada uma de 30 milhões de reais, com vencimento dos títulos em sete anos, prazo de carência de cinco anos para pagamentos de juros e principal, e remuneração mensal equivalente à taxa CDI mais 3% ao ano.

A Marisa, varejista de moda focada no público feminino, vive período conturbado, à medida que tenta restruturar as dívidas em meio a uma série de trocas no primeiro escalão. A principal foi a chegada de João Pinheiro Nogueira Batista em fevereiro, para a presidência da empresa.

A Marisa afirmou nesta quinta-feira que, mesmo após o término do prazo de carência, os pagamentos de amortização e juros só ocorrerão caso a companhia tenha reportado índices de alavancagem (medido pela relação dívida líquida sobre Ebitda) igual ou inferior a duas vezes, e de liquidez igual ou superior a uma vez no trimestre imediatamente anterior ao pagamento.

“Sendo assim, caso os índices estejam desenquadrados, não haverá pagamento e os valores serão capitalizados junto ao saldo devedor, até que um novo demonstrativo auditado confirme que tais índices estão enquadrados”, disse a Marisa.

A empresa anunciou em março acordo para venda de direitos creditórios fiscais por 100 milhões de reais a fundo da gestora Quadra. No mesmo mês, também divulgou uma restruturação dos negócios financeiros. Na ocasião, a companhia disse que um aporte adicional de 26 milhões de reais na MPagamentos poderia ocorrer até agosto.

A Marisa disse no fato relevante desta quinta-feira que o aumento de endividamento bruto devido às emissões de debêntures não configura motivo de vencimento antecipado dos financiamentos com cláusulas contratuais restritivas.

Segundo números não auditados, já que a empresa ainda não divulgou o balanço final, a Marisa teve prejuízo líquido de 188,6 milhões de reais no quarto trimestre de 2022, após prejuízo de 24,5 milhões um ano antes. No ano passado inteiro, o prejuízo foi de 391 milhões de reais, após perda de 93 milhões em 2021.

(Por André Romani)

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