Brasil

Petrobras reduz preços dos combustíveis após anúncio de nova estratégia comercial

Por Lisandra Paraguassu e Marta Nogueira

BRASÍLIA (Reuters) – A Petrobras anunciou um corte nos preços de gasolina, diesel e gás liquefeito de petróleo (GLP) vendidos às distribuidoras a partir de quarta-feira, como resultado de uma reformulação em sua estratégia comercial, que deixará de seguir a paridade de preços de importação.

A gasolina vendida nas refinarias da Petrobras será reduzida em 0,40 real o litro, ou 12,6%, e o diesel terá um corte de 0,44 real o litro, ou quase 13%, informou a empresa nesta terça-feira.

Já o GLP, o chamado gás de cozinha, será reduzido em 8,97 reais por botijão de 13kg, o equivalente a um corte de 21,39%.

“O botijão de gás, que é a melhor notícia, baixamos de 100 reais, pela primeira vez desde outubro de 2021. Nós teremos um botijão de gás com preço médio esperado no mercado de 99,87 reais”, disse o presidente Jean Paul Prates, citando a expectativa de valor ao consumidor, após a redução.

Apesar das reduções, o repasse de ajustes da Petrobras aos consumidores finais não é imediato e depende de uma série de questões, como margem de distribuição e revenda, impostos e mistura de biocombustíveis.

Prates destacou a jornalistas, após se reunir com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em Brasília, que a nova estratégia comercial “preserva o resultado econômico ótimo da empresa, porque a gente não vai absolutamente descer abaixo da rentabilidade”.

“Vou fazer o melhor preço dentro das minhas possibilidades de produtor brasileiro, portanto estamos abrasileirando realmente os preços da Petrobras”, disse o executivo.

O fim de uma estratégia que segue a paridade de preços de importação, conhecido como PPI, foi uma promessa de campanha do presidente Lula, e cumprida por Prates depois que o CEO conseguiu concluir no fim de abril uma reformulação completa na diretoria e no conselho da Petrobras.

O PPI foi incluído na estratégia da companhia durante o governo Temer, com o objetivo de evitar que a petroleira voltasse a ter prejuízos em sua precificação de produtos, ao ajudar o governo a controlar a inflação. O PPI também contribuiu com o fortalecimendo de concorrentes da Petrobras, fazendo com que outros players passassem a ser responsáveis pelo abastecimento nacional.

Prates afirmou que o PPI desencadeou a greve dos caminhoneiros, depois da Petrobras reajustar um único combustível 118 vezes em 2017 e que, desde então, o indicador virou uma “abstração”.

“Desde então, depois da crise dos caminhoneiros, esse PPI ficou sendo uma abstração, porque ele nunca foi praticado, a verdade foi essa, em cada região, em cada lugar é diferente. Mas para a Petrobras ficou essa imposição”, afirmou.

“Eu não preciso praticar o preço do meu concorrente se eu tenho vantagens competitivas aqui dentro, então nós teremos a melhor alternativa de preços para nossos clientes em cada ponto de venda da Petrobras.”

O CEO da Petrobras mencionou também que a mudança na estratégia comercial da empresa não precisa passar por aprovação do conselho de administração, sendo aprovada apenas pela diretoria.

A empresa informou que as decisões relativas à estratégia comercial continuam sendo subordinadas ao Grupo Executivo de Mercado e Preço, instituído em gestão anterior. Tal comitê é composto pelo presidente da companhia, o diretor executivo de Logística, Comercialização e Mercados e o diretor Financeiro e de Relacionamento com Investidores.

Em nota, a Petrobras também pontuou que, ciente da importância de seus produtos para a sociedade brasileira, a companhia buscará evitar o repasse da volatilidade conjuntural do mercado internacional e da taxa de câmbio, ao passo que preservará um ambiente competitivo salutar nos termos da legislação vigente.

(Por Lisandra Paraguassu, em Brasília, e Marta Nogueira, no Rio de Janeiro)

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