Brasil

Taxas futuras têm baixa firme com aprovação da reforma tributária e dados fracos dos EUA

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – As taxas dos contratos futuros de juros fecharam a sexta-feira em baixa em toda a curva a termo, com investidores repercutindo a aprovação do texto da reforma tributária na Câmara e os dados fracos do mercado de trabalho norte-americano, que reduziram as apostas de um aperto monetário maior nos EUA.

Na abertura, as taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros) já recuavam no Brasil, por conta da aprovação na Câmara, em dois turnos, do texto da reforma tributária. Apesar de não ser vista pelo mercado como “ideal”, a reforma tributária foi considerada positiva para o crescimento no longo prazo e fator de impulso para os ativos brasileiros.

Apesar de ter ficado em segundo plano, a divulgação do Índice Geral de Preços-Disponibilidade Interna (IGP-DI), pela Fundação Getulio Vargas (FGV), também foi no sentido de queda para os juros futuros, ao mostrar baixa de 1,45% em junho, a quarta consecutiva.

A queda das taxas futuras, no entanto, foi amplificada a partir das 9h30, quando saíram os dados do mercado de trabalho dos EUA. O Departamento do Trabalho informou que o país abriu 209.000 vagas de emprego em junho, abaixo dos 225 mil empregos projetados por economistas ouvidos pela Reuters. Além disso, o número de maio foi revisado para baixo, de 339.000 para 306.000 vagas.

Os números reduziram a percepção de que o Federal Reserve será tão agressivo, para segurar a inflação, em seus próximos passos de política monetária. Com isso, os rendimentos dos Treasuries perderam força, em especial os de curto prazo. Os efeitos dos dados de emprego também foram percebidos no Brasil.

“As taxas longas, até as 9h30, estavam caindo em torno de 5 bips. Agora (durante a tarde), estão caindo 17 bips”, pontuou Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho. “Então, o relatório de emprego nos EUA fez mais preço, embora a reforma tributária tenha ajudado na abertura.”

Em comentário enviado a clientes, o economista-chefe da Órama, Alexandre Espirito Santo, citou o efeito positivo da reforma sobre os ativos brasileiros.

“Para os mercados, acreditamos que é um driver positivo, com impactos favoráveis sobre os mercados de risco, dado que ontem (quinta-feira) mesmo pairavam dúvidas sobre o desfecho dessa pauta”, disse.

Durante a tarde, a Câmara concluiu a votação de emendas à reforma tributária e o texto segue agora para o Senado.

Além disso, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou que o projeto que retoma o voto de desempate do governo nas decisões do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) seria analisado pela Casa ainda nesta sexta-feira.

Este é mais um fator positivo para os ativos brasileiros, já que o projeto é considerado crucial para elevar a arrecadação do governo.

Já o projeto do novo arcabouço fiscal, que retornou à Câmara após aprovação no Senado, ficará para agosto, após o recesso parlamentar.

Neste cenário, as taxas futuras de juros sustentavam perdas consistentes no Brasil.

No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,785%, ante 12,844% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,685%, ante 10,828% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 10,06%, ante 10,234% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,1%, ante 10,296%.

O recuo das taxas na curva a termo — mais pronunciado na ponta longa — voltou a alterar a precificação para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.

Perto do fechamento, a precificação era de 46% de chances de corte de 0,50 ponto percentual da taxa básica Selic em agosto e de 54% de probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual. Na quinta-feira, perto do fechamento, estes percentuais eram de 37% e 63%, respectivamente.

No exterior, no fim da tarde os rendimentos de curto prazo dos Treasuries seguiam em baixa.

Às 16:38 , o rendimento do Treasury de dois anos –que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo– caía 6,40 pontos-base, a 4,9417%.

No mesmo horário, o rendimento do Treasury de dez anos –referência global para decisões de investimento– subia 2,10 pontos-base, a 4,0616%.

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