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Domingo, eu vou ao Maracanã? Com seis jogos na rodada, sábados viram dias agitados no Brasileirão

“Domingo eu vou ao Maracanã, vou torcer para o time que sou fã”, canta Neguinho da Beija-Flor na clássica canção “O Campeão”, já parte da cultura das arquibancadas. O futebol também é destaque do samba-enredo de 1977, sobre o domingo, da União da Ilha do Governador . Mas o futebol dominical, tradicionalmente marcado pelos grandes jogos das rodadas do Brasileirão, dia de transmissão em TV aberta, tem dividido as atenção com as tardes e noites de sábado: só nesta 16ª rodada, seis partidas acontecem hoje, tendência que vem se repetindo ao longo das últimas semanas.

Para os próximos dias, a conta é simples: todos os jogos da rodada incluem pelo menos uma equipe com compromissos por Libertadores ou Sul-Americana já no meio da semana.

Destes citados, oito estarão em campo nos seis jogos da rodada que acontecem hoje. Um calendário apertado, mas também reflexo do bom desempenho dos brasileiros no cenário continental: dos que iniciaram o ano na disputa de competições Conmebol, só Santos foi eliminado e não permaneceu na disputa neste segundo semestre. O alto número de vagas também influencia nesse desempenho: sete foram para a Sul-Americana e oito para a Libertadores (incluindo fases preliminares).

Nos 158 jogos já realizados neste Brasileiro, o domingo e o sábado estão praticamente empatados em números de jogos: 65 a 64. Outros 12 foram em quartas-feiras, nove em segundas e oito em quintas.

Tradição na Inglaterra

Essa organização impõe desafios comerciais, dada as poucas opções de partida para o domingo à tarde, horário nobre do esporte. Ao mesmo tempo, caminha, mesmo que de forma forçada, a um formato mais “internacional”. Na Premier League, por exemplo, o dia de futebol tradicional é o sábado. A revista When Saturday Comes (“Quando o sábado chega”), expressão que também virou nome de filmes e documentários, retrata bem esse cenário cultural.

— Havia uma proibição de futebol no domingo (de origem religiosa, durando até 1974). É engraçado pensar nisso, porque a Inglaterra não é um país onde a religião tem muita penetração. Foi uma coisa religiosa, nada abria. Domingo era uma chatice total, nada rolava. Sempre achei isso estranho, nos países de maioria católica (como o Brasil), o futebol virou coisa de domingo. Era assim na Itália também. Na Inglaterra, o domingo era um sofrimento muito grande — explica o comentarista do SporTV Tim Vickery, inglês que vive no Brasil desde 1994.

Tim lembra que a tradição começou há mais de um século, quando o sábado, que era de trabalho, ganhou meio expediente livre e os trabalhadores iam para os estádios na parte de tarde. A tradição é tamanha que ainda há um veto à transmissão de partidas que começam às 15h aos sábados para proteger os públicos de ligas menores.

No Brasil, a frequência nas arquibancadas entre sábado e domingo não sofre grandes alterações: 27.491 contra 27.978 torcedores pagantes de média geral, respectivamente. Entre os clubes, as médias contradizem parcialmente Neguinho da Beija-Flor. Domingo é dia de Morumbi: o São Paulo lidera em público, com média de 53.697 pagantes por jogo. O Flamengo vem em segundo, com 52.262. O rubro-negro leva mais pagantes ao Maracanã aos sábados, com 60.545 contra 48.247 do tricolor. O Corinthians completa o top 3 em ambos os dias, enquanto Palmeiras e Fortaleza aparecem em quarto lugar no sábado e no domingo, respectivamente.

Para Tim, a tendência é que, no futuro, o calendário se espalhe pela semana por força das transmissões.

— Quando houver uma liga, as decisões vão ser tomadas por critérios de negócios. Os jogos segunda à noite foram uma tradição importada na Inglaterra dos esporte americanos, justamente porque não tem nada segunda à noite. Então vamos preencher aquele nada com com uma atração.

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