Economia

Taxas futuras curtas de juros sobem e precificam chance maior de corte de 0,25 p.p da Selic

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) – As taxas dos contratos futuros de juros de curto prazo fecharam em alta, com investidores precificando chances maiores de o Copom cortar a Selic em apenas 0,25 ponto percentual na noite desta quarta-feira, enquanto as taxas mais longas cederam, em um dia de alta dos rendimentos dos Treasuries no exterior.

Na ponta curta, investidores ajustavam posições antes da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, com a curva a termo refletindo uma divisão de apostas. Na terça-feira, investidores já haviam reduzido um pouco as apostas em um corte de meio ponto percentual da taxa Selic, atualmente em 13,75% ao ano. Ainda assim, a precificação de corte de 0,50 ponto era majoritária.

Nesta quarta-feira, as apostas em um corte de 0,25 ponto percentual voltaram a ser majoritárias no mercado de Depósitos Interfinanceiros (DIs).

Perto do fechamento desta quarta-feira, a precificação na curva a termo brasileira era de 42% de chances de corte de 0,50 ponto percentual da Selic e de 58% de probabilidade de corte de 0,25 ponto percentual. Na terça, os percentuais eram de 55% e 45%, respectivamente.

Enquanto as taxas avançavam na ponta curta, elas cediam entre os contratos com prazos mais longos nesta quarta-feira. “O movimento da curva está muito atrelado à hipótese futura de aceleração do afrouxamento monetário no Brasil. As expectativas estão caminhando para isso”, ponderou João Piccioni, analista da Empiricus Research.

Na prática, a leitura do mercado é de que, caso o BC de fato corte a Selic em apenas 0,25 ponto percentual, haverá uma aceleração dos cortes posteriormente.

“Se vier 0,25 ponto, as partes média e longa da curva vão cair com mais intensidade, porque o mercado vai colocar na conta que o BC vai ter que acelerar o ritmo de queda da Selic”, avaliou Piccioni.

Durante o dia, o governo voltou a pressionar o BC por um corte de 0,5 ponto. Em participação no programa “Bom Dia, Ministro”, da EBC, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que a queda de juros “certamente” começará nesta quarta-feira e disse que há espaço para corte de 0,50 ponto percentual.

Sem se aprofundar no comentário, Haddad também afirmou que no mercado “tem gente apostando em 0,75 (ponto)”. No Sistema de Expectativas de Mercado do BC, no entanto, que traz as projeções das instituições financeiras que contribuem para o relatório Focus, não há nenhuma casa projetando corte de 0,75 ponto percentual.

Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, durante encontro com correspondentes internacionais em Brasília, que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, não entende de Brasil e “de povo”.

No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2024 estava em 12,645%, ante 12,604% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,665%, ante 10,645% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 10,04%, ante 10,096% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,08%, ante 10,153%.

No exterior, os rendimentos dos Treasuries de longo prazo subiam, na esteira da divulgação de dados fortes do mercado de trabalho norte-americano e após o Tesouro dos EUA anunciar o aumento do tamanho de seus leilões de títulos a partir do terceiro trimestre.

Estes fatores se sobrepuseram, no mercado de títulos, ao rebaixamento da nota de crédito dos EUA pela Fitch, na noite de terça-feira, que pesou sobre os mercados de ações e deu força ao dólar ante outras divisas no exterior.

Às 16:41 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos — referência global para decisões de investimento — subia 2,40 pontos-base, a 4,0715%.

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