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Em homenagem às crianças, Maratoninha volta ao Rio com diferentes distâncias, medalha e muita brincadeira

Antônio Rivera, de 4 anos, aluno da escola Núcleo de Arte da Urca, é um menino cheio de energia. É comum encontrá-lo pelo pátio da escola correndo, pulando, brincando e abraçando seus colegas da Turma Amarela. Incentivado por um grande amigo, também com 4 anos e que se inscreveu na Maratoninha do Rio, ele terá um Dia das Crianças diferente. Ambos disputarão a corrida de 100m neste evento especial para a criançada. Após dois anos de hiato, a Maratoninha volta a ser realizada a partir das 8 horas, no Aterro do Flamengo, e deve receber 6 mil pessoas, entre os pequenos e seus responsáveis.

Bruna, de 35 anos, consultora empresarial e mãe de Antônio e de Maitê, de 2 anos, conta que na sua casa “todos são muito agitados” e que tem sido prazeroso para a família a prática esportiva. Quando soube da Maratoninha, por meio da família de Pedro, não pensou duas vezes e correu para garantir sua inscrição também.

Segundo ela, Antônio passou a processar melhor seus sentimentos depois que começou a fazer esporte. Ele “se achou” no funcional, em aulas três vezes por semana, à noite, na praia da Urca. Quando falta, reclama. Ele também faz capoeira e natação. Antônio gosta de correr na areia, fazer exercícios com bola, cones e bambolê. Tudo é uma grande brincadeira.

— Além de ser a forma mais eficaz para a descarga de energia que esses pequenos têm, foi no esporte que encontrei uma saída para o Antônio. Há tempos buscamos um diagnóstico para questões emocionais ou psicológicas, que ainda não sabemos ao certo quais são, e o esporte e a terapia têm ajudado demais — explica Bruna. — Percebi que ele organiza melhor suas emoções, se expressa com mais ênfase no que quer e ainda tem conseguido se concentrar mais. Ele adora histórias, por exemplo, e tem aproveitado mais esses momentos com a gente e na escola.

Bruna conta que desde que o inscreveu na Maratoninha, ele treina a corrida dos 100m na areia. Está empolgado e não vê a hora de encontrar seu amigo para correrem juntos.

A Maratoninha faz parte da grife Maratona do Rio, corrida de rua que este ano realizou a 21.ª edição, com 40 mil participantes. O evento infantil, que foi realizado em 2018, com cerca de 2 mil pessoas, e em 2019, com o dobro de participantes, volta em 2023 com novidades.

Uma delas é a inclusão da carrinhada, para a faixa etária de 0 a 2 anos, em que o responsável poderá caminhar ou correr com a criança em um carrinho de bebê, em um percurso de 800 metros. Lucas, pai de Antônio e Maitê, vai correr com a filha nesta categoria.

— Quem nunca viu mães ou pais correndo e empurrando o carrinho de bebê? Quisemos incluir todas as crianças — diz Jued Andari, diretor do núcleo de esportes da Dream Factory, organizadora da corrida.

A Maratoninha promoverá corridas divididas em quatro categorias e distâncias: de 3 a 4 anos, caso de Antônio e Pedro, o percurso terá 100 metros; de 5 a 6 anos, a distância terá 200 metros; de 7 a 8 anos, 300 metros; e de 9 a 10 anos, 400 metros.

E tal qual eventos da grife, a Maratoninha teve kit completo, com camiseta e número de peito. Ao final da corrida, as crianças receberão medalhas e mimos.

— Tenha certeza que ao receber a medalha, despertará na criança a vontade de fazer outras corridas. Agora, é lúdico, mas depois pode ser encarado como um esporte de fato — acredita Jued, que diz que o evento para as crianças foi uma demanda levantada pelos pais corredores.

Segundo ele, o evento, que passará a acontecer todo o ano, tem como objetivo ir além do esporte. Assim, após as corridas, os pequenos poderão curtir a área de lazer em um espaço lúdico e com a presença dos personagens da Patrulha Canina, brinquedos, pula-pulas, recreação com a Animasom, e show com o grupo Fabuloso (a Maratona do Rio, também há atrativos pós-corrida).

Para Jued, a parte do entretenimento é um grande diferencial em relação às principais provas do mundo.

— Lá fora, na maratona de Boston e Berlim, por exemplo, o atleta corre a prova, muito bem organizada, sistemática e segura, recebe um cobertor térmico, hidratação, medalha e vai embora. Aqui o atleta passa o dia com a gente. Com as crianças será o mesmo.

Débora Ramos, de 38 anos, médica do trabalho e dermatologista, não quer perder a estreia da filha Mel, de 5 anos, em competições esportivas. Faixa preta de caratê e apaixonada por corrida de rua, ela estará ao lado de Mel na hora da corrida e espera que a filha também desenvolva a paixão pela atividade esportiva.

Ela conta que Mel, portadora da Síndrome de Down e que estuda na Escola Criar, já esteve a seu lado em corridas diversas, inclusive quando era bebê, dentro do carrinho. Desta vez, porém, a corrida é para a Mel e a mãe é quem irá acompanhá-la.

— Corri muito durante a gestão e brinco que a Mel gosta de correr porque correu na minha barriga. Esta é uma ótima oportunidade para juntar uma atividade que faz parte da minha vida com a chance de vê-la interagir com outras crianças — fala Débora, para quem o esporte tem papel fundamental na inclusão e contribui para o desenvolvimento de qualquer pessoa, “de todos nós”. — Eventos como esse são importantes para a Mel ser incluída. Ela interage bem, adora a companhia de outras crianças. Minha missão como mãe de uma criança especial é encorajá-la, fazer com que ela entenda seu potencial e dê sempre o seu melhor.

Débora destaca ainda o fato da Maratoninha levar as crianças à atividade ao ar livre. Mel, que faz atividades específicas em uma academia, prefere estar na rua.

— É ao ar livre que ela corre, brinca e se diverte. E isso lhe faz muito bem.

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