Comissão de ética aprova investigação contra deputada Lucinda Vásquez por assessor cortar unhas dos pés em gabinete
A Comissão de Ética do Congresso do Peru aprovou, em 3 de novembro de 2025, a abertura de investigação contra a deputada Lucinda Vásquez, de 67 anos, por possível violação ao código de conduta parlamentar. A decisão ocorreu após a divulgação de uma fotografia em que a parlamentar aparece deitada em um sofá, falando ao telefone, enquanto um assessor corta as unhas de seus pés no gabinete localizado no edifício Juan Santos Atahualpa, em Lima. A imagem, captada em 6 de novembro de 2024 e revelada pelo programa Cuarto Poder em 26 de outubro de 2025, gerou ampla repercussão nas redes sociais.
Vásquez integra o bloco Juntos por el Perú-Voces del Pueblo-Bloque Magisterial, de orientação esquerda. O assessor envolvido, Edward Rengifo Pezo, é sobrinho-neto da deputada e usava crachá oficial no momento do registro. A apuração pode resultar em suspensão de até 120 dias sem remuneração, conforme o regimento interno do Congresso.
A parlamentar negou qualquer irregularidade e classificou a divulgação da foto como ato de retaliação por ex-colaboradores dispensados.
Divulgação da imagem
A fotografia foi exibida inicialmente no programa televisivo Cuarto Poder, transmitido em 26 de outubro de 2025.
O registro mostra Vásquez relaxada no sofá do gabinete durante o horário de expediente.
Outras imagens revelaram assessores preparando alimentos para a deputada em sua residência, também em período de trabalho oficial.
- Assessores identificados incluem Willer Sajami e Luis Llaguento, captados cozinhando.
- O filho da parlamentar, Marti Frans Villacorta Vásquez, visitou o despacho mais de 130 vezes sem registro como funcionário.
Posição da deputada
Lucinda Vásquez emitiu comunicado rejeitando acusações de humilhação a funcionários.
Ela argumentou que os fatos datam de 2024, sem configurarem flagrante.
A deputada aceitou a investigação e pediu observância ao devido processo legal.
Vásquez alegou problemas de saúde, incluindo diagnóstico de câncer avançado, conforme declaração do assessor.
Votação na comissão
A Comissão de Ética aprovou a denúncia de ofício por maioria em sessão realizada em 3 de novembro.
Foram sete votos favoráveis, um contrário e uma abstenção.
O voto contra veio de Janet Rivas, do Perú Libre, ex-colega de bancada de Vásquez.
A abstenção foi de Alfredo Pariona, da Bancada Socialista.
O grupo tem 20 dias para concluir a fase preliminar de apuração.
Contexto parlamentar
O Congresso peruano registra desaprovação de 81%, segundo pesquisa Ipsos de outubro de 2025.
O caso surge após destituição da presidente Dina Boluarte e posse de José Jerí como interino.
Vásquez já responde a outro processo por suposto recorte de salários de assessores, conhecido como mochasueldos.
Ela contratou três sobrinhos-netos no gabinete: Jimmy Pinchi Pezo, Edward Rengifo Pezo e Kenyi Castro Rivas.
Trajetória da deputada
Lucinda Vásquez elegeu-se em 2021 pelo Perú Libre, com 8.778 votos pela região San Martín.
Ela migrou para o Bloque Magisterial após rupturas internas no partido original.
A parlamentar publicou 10 leis desde o início do mandato, oito delas de caráter declarativo.
Vásquez enfrenta investigação do Ministério Público por tráfico de influências em prova de ascenso docente.
Repercussão inicial
O presidente do Congresso, Fernando Rospigliosi, qualificou o ato como deplorável em coletiva em 27 de outubro.
Elvis Vergara, chefe da Comissão de Ética, propôs a apuração de ofício no mesmo período.
Outros parlamentares exigiram sanção imediata por uso indevido de recursos públicos.
A bancada de Vásquez suspendeu seus direitos internamente até o fim das investigações.
Detalhes do assessor
Edward Rengifo Pezo defendeu o ato como gesto humanitário em entrevista à RPP.
Ele afirmou que Vásquez enfrenta deterioração de saúde devido ao câncer.
O funcionário recebe salário superior a 3.000 soles, sem título universitário registrado na Sunedu.
Rengifo negou coerção e classificou a ação como primeiros socorros.
Outros incidentes
Reportagens indicam que assessores realizavam massagens nos pés da deputada no gabinete.
Imagens mostram preparação de café da manhã por funcionários em horário laboral.
Vásquez evadiu perguntas diretas de jornalistas sobre as fotos.
Ela questionou o foco em sua atuação legislativa em vez dos incidentes.
Procedimento ético
A comissão recolherá depoimentos de envolvidos nos próximos dias.
Sanção máxima prevê 120 dias de suspensão e inabilitação temporária para cargo público.
O caso pode evoluir para denúncia penal por peculato, segundo ex-oficial maior José Cevasco.
Parlamentares de oposição pedem celeridade antes do fim da legislatura.
Posicionamentos diversos
Jorge Montoya, de Honor y Democracia, chamou o episódio de indignante e ofensivo ao povo peruano.
Rosangella Barbarán solicitou punição direta por considerar o fato evidente.
A bancada rejeitou os atos e instou à sanção cabível.
Vásquez participará de audiência em processo paralelo por mochasueldos.