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COLUNA-Onda de vendas de milho dos EUA para a China não agitou mercado

Após um hiato de várias semanas, as enormes vendas de milho dos Estados Unidos para a China –que recentemente se tornou a maior compradora do cereal norte-americano– voltaram a ser registradas. A notícia, porém, não conseguiu dar impulso aos contratos futuros do milho em Chicago, já que as encomendas provavelmente não surpreenderam o mercado.

Entre terça e quinta-feira, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) confirmou um total de 3,08 milhões de toneladas de milho norte-americano para entrega à China no ano comercial de 2020/21, que termina em 31 de agosto. Com isso, o total de encomendas realizadas pela China junto aos EUA em 2020/21 atingiu pelo menos 22,4 milhões de toneladas.

Por lei, os exportadores dos EUA são obrigados a declarar ao USDA as vendas únicas para exportações de determinados volumes no máximo um dia útil após a transação, e então a agência emite um anúncio diário de vendas. No entanto, há situações em que isso pode não gerar a transparência pretendida.

Membros da indústria esperavam que a série de compras de milho da China vista no final de janeiro perdurasse ao longo de fevereiro, já que havia rumores de que os negócios totais envolviam mais do que os 5,85 milhões de toneladas confirmados em um intervalo de quatro dias.

À época, houve discussões sobre como os braços comerciais norte-americanos de empresas estrangeiras poderiam fazer negócios no país com a intenção total de, em algum momento, transferir essa propriedade para o exterior –neste caso, para suas contrapartes chinesas. Essa prática tem sido vista por alguns como uma forma de driblar as necessidades de declaração e não divulgar de uma só vez todo o volume negociado.

É possível –e talvez provável– que os “flashes” de vendas desta semana sejam a continuação do que já era esperado há várias semanas. Os preços do milho na China, embora ainda em máximas históricas e muito mais caros do que os grãos importados, caíram nas últimas semanas. Além disso, o milho norte-americano não tem mais um preço atraente em relação aos concorrentes.

Isso poderia explicar por que os futuros do milho negociados na bolsa de Chicago não tiveram um rali nesta semana, mesmo com as notícias sobre exportações: muitos participantes do mercado já sabiam que esses negócios haviam sido fechados e os consideravam em suas premissas de oferta e demanda.

Mesmo que essas vendas à China não sejam novos negócios, o volume atual de compromissos ainda impressiona. Incluindo os relatos desta semana, as vendas de milho dos EUA para exportação em 2020/21, considerando todos os destinos, totalizavam nesta quinta-feira pelo menos 63,6 milhões de toneladas –cerca de 96% da meta do USDA para o ano todo, de 66 milhões de toneladas, e 20 pontos percentuais acima da média recente para esta data.

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