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Com a Ômicron, aumenta a procura por voos aeromédicos para pacientes com Covid-19

BRASÍLIA – Enquanto os voos comerciais estão sendo cancelados pelo avanço dos casos de Covid-19 e influenza nas tripulações, a procura por voos aeromédicos voltou a subir, refletindo a alta nos casos da doença neste início de 2022.

Esses voos têm como passageiros não apenas pessoas infectadas pelo novo coronavírus que enfrentam complicações da Covid-19. Podem ser também pacientes com sintomas leves que buscam tratamento médico em outra localidade ou repatriação, no caso de turistas estrangeiros. 

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Apenas a Brasil Vida Táxi Aéreo, referência no transporte de enfermos no país, já realizou o traslado de 15 pessoas com diagnóstico positivo para a Covid-19 nestes primeiros dez dias de janeiro.

O número de voos desse tipo na empresa só neste início de ano já se aproxima ao total registrado em outubro do ano passado, quando foram 17 voos.

Os registros da companhia, repassados com exclusividade ao GLOBO, mostram que, após um período intenso, no primeiro semestre de 2021, com média de 224 voos mensais e pico de 304 viagens em março, houve uma diminuição na procura pelo serviço entre julho e outubro.

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Em julho, os casos de transporte de Covid somaram 60, mesmo número da média de viagens realizadas mensalmente antes da pandemia. Esse número foi decrescendo mês a mês até chegar aos 17 voos de outubro.

A partir de novembro, a demanda voltou a crescer e a tendência de crescimento segue neste mês de janeiro, com o avanço da variante ômicron, responsável pela alta de casos em todo o mundo.

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Para o enfermeiro Gilberto Júnior Santos da Silva, coordenador aeromédico na Brasil Vida Táxi Aéreo, o aumento no número de viagens feitas por causa da Covid acende um alerta, ainda que os casos atendidos atualmente não sejam tão graves:

— Em janeiro de 2021, tivemos 196 voos por causa da Covid. Essa curva começou a diminuir só no segundo semestre e quando achamos que tudo normalizaria, veio a grande preocupação com este aumento crescente. Se continuarmos nessa média, devemos fechar janeiro com cerca de 45 voos.

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Ele acrescenta que a preocupação atual é com os meses subsequentes, por causa da proximidade com datas festivas, como foi o caso do Natal e Ano Novo e é o Carnaval, em fevereiro.

De acordo com Silva, dos 15 voos já realizados em 2022, apenas um foi internacional. Foi o caso de um passageiro que estava no Chile e acionou o seguro viagem para retornar aos Estados Unidos, onde residia.

Todos os outros voos foram realizados no Brasil, a maioria rumo ao eixo Rio-São Paulo, saindo das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

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A empresa tem contratantes variados. Ela atende desde pacientes do SUS, com contratos firmados junto a governos estaduais, como da Bahia e Tocantins, e clientes particulares, convênios de saúde e seguradoras, para repatriação de estrangeiros.

No caso dos voos aeromédicos particulares, os valores para contratação do serviço partem de R$ 40 mil reais, que seria o custo básico para o fretamento da aeronave, tripulação e equipe médica. Esse é o custo médio de voos de Brasília para São Paulo ou mesmo entre Rio de Janeiro e São Paulo, ainda que a distância seja menor. Nesse caso, pesa mais o custo da equipe.

Esses preços podem ultrapassar R$ 100 mil a depender da distância percorrida e complexidade do tratamento. Um exemplo é o paciente que demanda o uso de ECMO (membrana de oxigenação extra-corpórea), que demanda equipe médica específica e o próprio aparelho. Esse é o tipo de voo mais complexo e mais caro.

O aumento do número de casos de Covid-19 e de gripe virou um grande problema para as companhias aéreas e já afeta mais de 200 voos no país. Muitos tripulantes estão sendo afastados devido a sintomas das doenças, o que está afetando os voos, tanto os nacionais como os internacionais.

Procurada para comentar sobre o monitoramento dos cancelamentos de voos, a Anac ainda não retornou ao GLOBO nesta segunda-feira.

No domingo, a agência informou que já havia se antecipado e estava observando os casos de doenças respiratórias causadas em pilotos, comissários e demais profissionais do setor aéreo.

 “Com o objetivo de antecipar possíveis impactos na aviação e auxiliar no plano de ação das empresas aéreas, a Agência já havia entrado em contato com representantes das companhias aéreas, aeroportos, concessionárias, Empresas de Serviços Auxiliares de Transporte Aéreo (ESATAs) e órgãos de controle sanitário e de saúde”, informou em nota.

Sobre os cancelamentos, a agência acrescentou que “os principais indicadores do transporte aéreo, incluindo os índices de atrasos e cancelamentos, são encaminhados pelas companhias à ANAC de forma mensal, após a realização das operações”.

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