Economia

Usiminas vai reduzir exportação de aço no 2º tri

SÃO PAULO (Reuters) – A Usiminas vai focar sua produção no mercado interno neste segundo trimestre, reduzindo exportações de aço no momento em que o custo de aquisição de placas de terceiros tem passado por fortes oscilações, exacerbadas pela guerra na Ucrânia.

A empresa divulgou mais cedo previsão de vendas de 950 mil a 1,05 milhão de toneladas de aço no segundo trimestre, uma queda de cerca de 16% sobre os três primeiros meses do ano.

“A volatilidade do mercado de placa fará a gente reduzir exportação (no segundo trimestre)”, disse o vice-presidente comercial da siderúrgica, Miguel Homes, em conferência com analistas sobre o desempenho da empresa no primeiro trimestre.

“A redução de ‘guidance’ está focada em redução de nossas exportações”, acrescentou o executivo. A empresa está recorrendo a placas de aço compradas de terceiros para poder ter material para laminar em produtos finais.

A guerra na Ucrânia tem afetado os fluxos comerciais de aço, elevando preços da liga, que tinha Ucrânia e Rússia como grandes centros de produção.

Apesar do cenário, o vice-presidente financeiro da Usiminas, Alberto Ono, afirmou que a empresa não tem planos de alterar o modelo de negócio de uso de placas de terceiros para serem laminadas na usina de Cubatão (SP), há anos com áreas primárias de produção de aço paradas por falta de demanda suficiente.

“Até o momento, não tem surgido nada no horizonte que ponha em dúvida a viabilidade deste modelo de negócio”, disse Ono. “O mundo ainda tem sobrecapacidade muito grande de aço”, adicionou.

Neste sentido, a Usiminas deve manter parado o alto-forno 2 da usina em Ipatinga (MG) ao menos até junho, em meio a atrasos em obras de reparo após acidente com o equipamento em setembro.

Ono comentou que paralelamente ao atraso na reforma a empresa tem enfrentado problemas em suas baterias de coque, que estão passando por período de manutenção e produzindo menos volume do insumo usado na produção de aço.

A Usiminas contratou especialialistas para determinar quando as baterias de coque voltarão à normalidade.

“No primeiro trimestre, tivemos que usar coque importado para uma parte da produção de gusa. E um eventual retorno do alto-forno 2 faria com que aumentássemos ainda mais o percentual de coque comprado”, disse Ono.

“Isso não faz a conta fechar, por isso estamos aguardando a recuperação da produção das coquerias. Não temos previsão clara neste momento”, acrescentou.

Assim, a Usiminas seguirá operando com alto-fornos 1 e 3 em Ipatinga. O alto-forno 3, o maior da empresa, mantém previsão de parada por 110 dias a partir de abril do próximo ano, disse Ono.

Segundo o executivo, a Usiminas terá que consumir recursos em caixa para montagem de estoque de placas capazes de surprir o período em que o alto-forno 3 ficará fora de operação na reforma. O volume necessário será de 600 mil a 700 mil toneladas que deverá começar a ser formado a partir do final deste ano.

Ono não comentou o custo da operação para formar estoque mas disse que isso é um dos motivos para a empresa manter a política atual de dividendos em pagamento de 25% do lucro líquidos.

“Passado o período de reforma (do alto-forno 3), pode se ter uma discussão mais detalhada sobre eventuais excedentes de caixa”, disse Ono sobre a política de alocação de capital.

(Por Alberto Alerigi Jr.)

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