Negócio

Petrobras beneficia sociedade ao demorar um pouco para elevar preços, diz diretor

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) – A Petrobras beneficia a sociedade brasileira ao demorar mais para elevar os preços dos combustíveis nos períodos em que os valores estão em alta no mercado externo, afirmou nesta sexta-feira o diretor-executivo de Exploração e Produção, Fernando Borges.

A prática, segundo ele, é administrada dentro de uma banda de valores considerada pela companhia. O executivo reiterou, entretanto, que a petroleira segue os valores de mercado, ao mesmo tempo em que evita repassar volatilidades aos consumidores no Brasil.

“Estamos muito próximos ao valor de mercado. Trabalhamos com uma pequena banda para sinalizar quando deve reajustar para baixo ou para cima… A gente passar mais a miúde a redução e demorar um pouco mais para passar a subida, nós estamos beneficiando a sociedade brasileira”, disse Borges, ao participar de live no canal da agência epbr.

“Quanto já se escutou de ‘cadê a contribuição da Petrobras?’ Ela, na medida do possível, tem sido feita dentro de uma banda que a gente trabalha”.

Levantamento da Reuters apontou nesta semana que a empresa demorou mais a ajustar preços nas refinarias neste ano nos períodos em que os valores estavam em alta no mercado externo na comparação com intervalos em que os combustíveis recuavam.

No primeiro semestre, quando os preços de combustíveis no exterior estavam em alta em meio à eclosão da guerra na Ucrânia, os intervalos entre os aumentos de preços nas refinarias da petroleira estatal variaram de 38 a 59 dias para o diesel e de 57 a 98 dias para a gasolina.

Quando o movimento de queda da commodity teve início, em julho, em meio a temores de recessão no exterior, dentre outras questões, o período entre as reduções ficou entre 6 e 38 dias para o diesel e entre 9 e 17 dias para a gasolina.

O executivo pontuou ainda que há atualmente volatilidade grande no mercado internacional de petróleo e que a empresa evita repassar esses movimentos de imediato.

Segundo Borges, ao considerar a faixa de variação com que a empresa trabalha, a Petrobras está seguindo preços internacionais.

“Temos a responsabilidade de conduzir a companhia respeitando o parâmetro de preço do mercado, até para não causar perturbação, uma vez que o país depende de importação, e também para não causar prejuízos desnecessários à companhia”.

Após a declaração do executivo, a Petrobras publicou comunicado dizendo que “mantém seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado, ao mesmo tempo em que evita o repasse imediato das volatilidades externas e da taxa de câmbio causadas por eventos conjunturais”.

Cálculos de associação que reúne importadores de combustíveis independentes Abicom apontam que atualmente os preços da gasolina estão 12% abaixo da paridade de importação, enquanto os do diesel estão 16% abaixo.

Durante sua participação na live, Borges disse que os cálculos de paridade da Petrobras são distintos de outros participantes do mercado, como da Abicom.

Borges comentou ainda sobre um risco político que atrapalha a venda das refinarias. Ele afirmou que no passado a empresa amargou prejuízos bilionários ao manter defasagem de preços significativa por anos e que não está “sedimentada” até agora no país a ideia de que os preços não serão controlados.

“Você não ter ainda sedimentado que os preços de combustíveis não vão ser controlados, que vão seguir mercado. Esse, na minha visao, é o principal fator da nossa maior dificuldade de venda no refino”, afirmou.

O executivo frisou que de 2016 para cá a empresa tem acompanhado preços de mercado.

Durante a entrevista, ele reiterou ainda que o gasoduto rota 3 deverá entrar em operação apenas em 2024.

(Por Marta Nogueira)

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