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Saiba como fazer uma redação nota mil no Enem deste ano

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Saiba como fazer uma redação nota mil no Enem deste ano Gabaritar (ou chegar perto disso) uma prova do Enem é tarefa para poucos. Estudantes e professores que conseguiram esse feito afirmam que, para conseguir, é preciso ter muita dedicação na hora de estudar, mas também organização, conhecimento da prova e não deixar o equilíbrio de lado — já que, no final das contas, o que vale é conseguir uma vaga na universidade e, para isso, é preciso ter boas notas em todas as disciplinas.

1 – Redação

A única prova em que é possível tirar nota mil (a TRI impede que se chegue a essa nota nas outras avaliações), a Redação perfeita precisa combinar as cinco competências exigidas pela correção (veja abaixo).

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— A criação desses parâmetros se deu para evitar subjetividades — explica a professora Fernanda Pessoa, cujo curso que comanda teve três das 22 notas mil do Enem 2021.

No entanto, isso não significa copiar modelos. Uma das exigências é justamente autoria. A professora afirma que ela pode se apresentar ao longo de todo o texto, mas especialmente no desenvolvimento:

— O aluno precisa ter coragem de fazer o que poucas pessoas fariam, uma coragem de sair do clichê. Por exemplo: uma das minhas alunas, que no ano passado que conseguiu a nota mil, começou o texto sobre invisibilidade e registro civil falando dos filhos de um personagem de Graciliano Ramos que não tinham nome, enquanto o cachorro tinha, chamava-se Baleia. Ela explicou que essa foi uma forma de mostrar a animalização do ser humano na condição de invisibilidade.

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Ex-aluna do Colégio e Curso AZ, Maria Eduarda Fionda, de 22 anos, conseguiu a nota mil em 2018. Naquele ano, o tema foi manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet, o que surpreendeu a estudante. No entanto, como especialistas apontam, o mais importante não é conhecer profundamente o assunto proposto, mas sim a forma da redação do Enem.

— Levei um susto quando vi o tema! Mas eu fui me acalmando e comecei a fazer a mesma coisa que fazia na redação no cursinho. Fui vendo o que poderia argumentar e fui vendo que sabia falar sobre esse tema — lembra ela, que agora cursa Medicina na UFRJ.

Até conseguir a pontuação máxima, Fionda fez três edições da prova. A primeira como treineira, depois no 3º ano do ensino médio e, por fim, na terceira tentativa, atingiu a nota máxima. Com essa experiência de quem conseguiu chegar lá, ela recomenda muita prática.

— É preciso treinar muito para conseguir argumentar com qualquer tema que vier. Não precisa tentar adivinhar qual vai ser, mas precisa saber argumentar e ter repertório sociocultural para colocar — explica.

Veja aqui as cinco competências exigidas pela correção:

  1. Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.
  2. Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.
  3. Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
  4. Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
  5. Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

2 – Linguagens

Aluna de uma escola pública de Sorocaba (SP), Thaís Ferreira, de 19 anos, dedicou o ano de 2020 — quando o mundo ficou trancado em casa por causa da pandemia — a conseguir uma vaga na faculdade. Assinou um cursinho on-line e focou na área de Linguagens, que rendia mais pontos no curso que ela desejava. Com isso, acertou 42 das 45 questões no final do ano.

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— Focava principalmente na resolução de problemas de provas anteriores para ter uma noção maior dos temas que a prova realmente exige — conta a atual aluna de Administração da Ufscar.

Além disso, ela afirma que os simulados foram de extrema importância, pois, além de testar os conhecimentos, eles também a ajudaram a aprender a gerenciar o tempo: a prova de Linguagens consiste em questões com textos bastante extensos.

— É arriscado perder muito tempo resolvendo questões e acabar se prejudicando em Humanas ou na Redação. Depois de realizar os simulados, eu fazia uma correção e procurava ver os temas que mais errei, depois revisava esses assuntos, resolvia mais questões, até diminuir minha “taxa” de erros — conta.

Ela indica que os alunos conheçam bem os conteúdos de gêneros textuais, figuras de linguagem, variação linguística e gramática. No entanto, para ter uma boa nota, é preciso treinar muito a interpretação de texto. Para isso, ela dá a dica de, na hora da prova, ler a pergunta para depois ler os textos de apoio. E, para a preparação, recomenda muita leitura.

— É muito importante criar o hábito da leitura. Não ler somente clássicos da literatura, que podem ser importantes para a prova, mas também notícias, artigos, entre outros. Além de ajudar a reconhecer os gêneros textuais e aumentar a capacidade de interpretação de texto, que é tão importante na prova, isso também expande o vocabulário, o que acaba ajudando na redação — afirma.

3 – Matemática

Lucas Tanikawa de Oliveira acordava cedo para estudar. Muito cedo. Como precisava sair às 7h para o trabalho, montou uma rotina em que começava o dia entre 3h e 4h e passava a madrugada estudando. Quando não conseguia cumprir, utilizava a hora do almoço para a tarefa. Esse cronograma foi, para ele, fundamental para um feito que poucos conseguem: gabaritar uma prova do Enem. O jovem de 28 anos conseguiu acertar todas as 45 questões da prova de Matemática, obteve 935,3 pontos e conseguiu a sonhada vaga em Ciências Ambientais, na UFF.

— Essa questão do cronograma é essencial — conta o rapaz, que utilizava a programação semanal da plataforma Stoodi. — Isso garante que a maior parte do conteúdo seja visto até a data do exame, pelo menos o que é considerado essencial pelos professores. Outro ponto que fez toda a diferença para mim foi usar flashcards para estudo. Eu anotava tudo no caderno no início, até perceber que isso não adiantava nada, porque eu não tinha disciplina para fazer as revisões por conta própria e no final do mês já tinha esquecido tudo que estudei no início.

Já Frederico Torres virou um verdadeiro especialista no Enem. Agora professor de Matemática, coordenador do Colégio Pódion e fundador do Mente Matemática, canal dedicado ao exame, ele conseguiu acertar todas as questões da sua área em duas edições.

— Os temas mais difíceis são análise combinatória, que é um tópico bastante complicado, probabilidade, funções trigonométricas e logaritmo — aponta o especialista, conhecido como o Professor Fredão nas redes. — Para aprender, é preciso fazer muitas questões. É como uma caixa de ferramentas: quanto mais questões você resolve, mais ferramentas você ganha para essa sua caixa para futuramente resolver outras questões semelhantes.

Segundo ele, são três fatores os principais para conseguir um bom desempenho em Matemática:

  1. Um bom conteúdo. Sem uma boa carga de exercício e dominando os principais tópicos, não tem como ir bem.
  2. Boa estratégia de prova. Tem que saber que o cansaço vai bater em algum momento e é preciso lidar com isso para evitar erros por falta de atenção ou interpretação equivocada.
  3. Cálculos mentais apurados. Fazer as contas não pode ser um entrave para que o candidato se preocupe efetivamente com o raciocínio das questões e não com as contas. Por isso, treine muito esse aspecto.

4 – Ciências da Natureza

Eryc Matos resolveu mudar de vida aos 26 anos. Depois de se formar em Engenharia Elétrica pela Universidade Federal do Piauí, em 2019, encontrou dificuldades no mercado de trabalho e decidiu buscar um novo desafio: cursar Medicina. No Enem 2021, acertou 42 de 45 questões de Ciências da Natureza e conseguiu uma vaga no curso que desejava na Universidade Federal do Delta do Parnaíba.

— Esse desempenho foi resultado de muita disciplina. Mas a fórmula para aprovação é diferente para cada um. Acredito que não adianta estudar 10 ou 12 horas em um dia e não conseguir estudar no outro porque você está mentalmente cansado. Rotinas extremas acabam desestimulando, pois fica inviável repetir com disciplina — afirma Eryc, que fez o pré-vestibular do Colégio Equação Certa.

O aluno de Medicina recomenda um momento na semana ou dia para não pensar em nada relacionado a estudo. Às quintas à noite, ele ia jogar dominó com familiares e nem sequer pensava em vestibular.

— Minha rotina envolvia cerca de 6 horas a 7 horas de estudo por dia, dependendo do dia. Aprimorava assuntos de exatas, já que já tinha afinidade e dava ênfase naquilo que não era tão bom, como biologia, química e linguagens — conta o jovem, cuja estratégia garantiu para ele quase gabaritar na prova em que não tinha tanta afinidade.

Ele aponta que os principais conteúdos a se ter na ponta da língua são ecologia, química ambiental, estequiometria, cinemática e elétrica.

5 – Ciências Humanas

Lucas Bayde, de 18 anos, chegou perto do 100%. Acertando 44 das 45 questões, conseguiu uma vaga no curso de Direito, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele conta que, por conta da pandemia, passava o dia estudando de casa: de manhã no ensino médio normal e, de noite, fazia o cursinho preparatório da Descomplica. Acertou 44 das 45 questões em Humanas e sua nota foi de 830.3.

— O que é fundamental para conseguir bom desempenho em Humanas é saber interpretar textos. Por mais que você não saiba o conteúdo por inteiro, ao interpretar você consegue acertar a alternativa correta — ele conta.

O jovem aponta que os temas principais para se ter na ponta da língua são parte da História do Brasil, séculos XIX, XX e Brasil Império. Na parte de Geografia, assuntos relacionados ao meio ambiente, alterações climáticas e agricultura.

— Os temas mais difíceis são na parte de História, na Idade Média, por ser mais distante. Além de não ter tanto interesse, não exercitei tanto na reta final do Enem, até porque não costuma cobrar tanto esse tipo de questão.

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