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Várias autoridades do Fed consideraram pausa nos juros em março, mas ao fim concordaram com alta

Várias autoridades do Fed consideraram pausa nos juros em março, mas ao fim concordaram com alta

Por Howard Schneider

WASHINGTON (Reuters) – Várias autoridades do Federal Reserve consideraram na reunião de política monetária do banco central dos Estados Unidos no mês passado interromper os aumento da taxa de juros até que ficasse claro que a falência de dois bancos regionais não causaria maior estresse financeiro, mas mesmo elas acabaram concluindo que a inflação alta ainda era a prioridade.

“Vários participantes… consideraram se seria apropriado manter a faixa para a meta da taxa de juros na reunião” para avaliar como os acontecimentos do setor financeiro poderiam influenciar os empréstimos e a trajetória da economia, de acordo com a ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) de 21 e 22 de março, divulgada nesta quarta-feira.

A ata mostrou um comitê forçado a um debate inesperadamente complexo pelas falências do Silicon Valley Bank e do Signature Bank, mas que acabou por seguir com juros mais altos, em linha com comentários do chair do Fed, Jerome Powell, feitos após a reunião de que a política monetária pode ser protegida da turbulência e permanecer focada na inflação, com ferramentas de supervisão e liquidez sendo usadas para manter o setor financeiro estável.

No entanto, essas autoridades, juntamente com outras, concordaram que as ações tomadas pelas autoridades dos EUA e pelo Fed tinham “ajudado a acalmar as condições no setor bancário e a diminuir os riscos de curto prazo para a atividade econômica e a inflação”, apontou a ata, e defenderam um aumento de 0,25 ponto percentual da taxa básica, apesar da nova incerteza em torno do setor financeiro.

As ações dos EUA se mantinham estáveis ​​após a divulgação da ata, após subirem mais cedo com alguns sinais encorajadores de um relatório do governo norte-americano indicando que a inflação estava em desaceleração. O dólar apresentava poucas alterações em relação a uma cesta de moedas, enquanto os rendimentos dos Treasuries caíam.

Investidores reduziram ligeiramente as apostas em outro incremento da taxa básica do Fed, embora um aumento dos juros em maio ainda esteja amplamente precificado.

“A ata da reunião de março do Comitê Federal de Mercado Aberto aponta para outro aumento de juros em maio, mas será por um triz e haverá discordâncias”, disseram analistas da Oxford Economics.

FOCO NA INFLAÇÃO

O setor bancário se estabilizou desde o mês passado, embora as autoridades do Fed estejam atentas a sinais de aperto nas condições de crédito, o que pode resultar na interrupção de sua campanha de elevações de juros antes do previsto.

A ata deixou clara essa preocupação, com contatos do mercado informando ao Fed que as tensões do setor financeiro “provavelmente resultariam em uma retração nos empréstimos bancários, o que não se refletiria nos índices de condições financeiras mais comuns”.

A inflação, enquanto isso, permaneceu bem acima da meta de longo prazo de 2% do Fed, disseram as autoridades, que concordaram que dados recentes sobre a inflação forneceram poucos sinais de que as pressões inflacionárias estavam diminuindo em um ritmo suficiente para retornar a inflação para a meta do banco central.

“Os participantes destacaram que a inflação permaneceu muito alta e que o mercado de trabalho permaneceu muito apertado; como resultado, eles anteciparam que algum endurecimento adicional da política monetária pode ser apropriado”, apontou a ata.

“Alguns participantes destacaram… que teriam considerado um aumento de 0,50 ponto percentual (nos juros)… na ausência dos desdobramentos recentes no setor bancário”, disse a ata.

As autoridades na reunião de março enfraqueceram seu compromisso com novos incrementos nos custos de empréstimos ao descartar da declaração de política monetária o trecho que ressaltava a necessidade de “aumentos contínuos” em favor de dizer apenas que provavelmente seria necessário “mais algum aperto (monetário)”.

Elas também concordaram que os desdobramentos bancários recentes afetariam as decisões de política monetária do Comitê na medida em que “esses desdobramentos afetassem as perspectivas de emprego e inflação e os riscos que cercam as perspectivas.”

(Reportagem de Howard Schneider)

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