Brasil

Dólar tem pouca alteração frente ao real com nova queda em expectativas de inflação e Fed

Por Luana Maria Benedito

SÃO PAULO (Reuters) – O dólar alternava leves altas e quedas frente ao real nesta segunda-feira, continuando a rondar patamares baixos para padrões recentes, com investidores digerindo novas reduções nas expectativas de inflação de economistas consultados pelo Banco Central e avaliando seu impacto na trajetória da política monetária.

Às 10:27 (horário de Brasília), o dólar à vista recuava 0,10%, a 4,7844 reais na venda.

Na B3, às 10:27 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 0,1%, a 4,8075 reais.

Analistas do mercado reduziram suas estimativas para a inflação até 2026 e passaram a ver maior afrouxamento monetário neste ano, de acordo com a pesquisa Focus divulgada pelo Banco Central nesta segunda-feira.

As previsões no boletim semanal agora são de inflação de 4,98% em 2023, 3,92% em 2024, 3,60% em 2025 e 3,50% em 2026. Na pesquisa anterior, as estimativas eram respectivamente de 5,06%, 3,98%, 3,80% e 3,72%. Além disso, a expectativa agora é de que a taxa básica de juros Selic encerre 2023 a 12,00%, de 12,25% esperados antes.

“A mudança de meta de inflação promovida recentemente (para meta contínua), ajudou na ancoragem das expectativas de inflação para baixo. Isso ajuda o nosso cenário de longo prazo, embora dê combustível para o BC antecipar cortes na Selic, que diminuiu nosso diferencial de juros”, disse Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital.

A moeda brasileira tende a se beneficiar de juros mais altos, mas boa parte do mercado acredita que, ainda que o Banco Central comece o processo de cortes da Selic no futuro próximo, os juros reais seguirão favoráveis à atração de investimentos, ainda mais num ambiente de arrefecimento da inflação. Além disso, uma redução dos juros tende a elevar o otimismo em relação ao crescimento econômico num prazo mais longo.

“Com a inflação perdendo força, o Banco Central pode promover quedas mais contundentes na Selic e isso em tese fecha o diferencial (de juros) e o dólar subiria, então eu acho que esse paradoxo acaba sendo explicado pelo seguinte: o mercado está apostando no Brasil agora para médio e longo prazo, e não apenas no diferencial na conta financeira de curto prazo”, explicou Bergallo sobre o recente fortalecimento do real mesmo diante da perspectiva de afrouxamento monetário em breve.

Soma-se a tudo isso “um cenário local positivo, principalmente pela possibilidade de aprovação de pautas importantes no Congresso –como a reforma tributária, que ajuda o quadro fiscal– bem como pela bolsa ainda barata”, completou o especialista.

No exterior, o dólar rondava a estabilidade contra uma cesta de pares fortes, com o provável caminho de política monetária do Federal Reserve, cujas autoridades têm sinalizado mais duas altas de 0,25 ponto percentual nos juros este ano, dominando as atenções.

“A expectativa de novos aumentos pelo Fed continuam crescendo, mas até agora isso tem ajudado pouco o dólar, em parte porque as expectativas de alta dos juros estão aumentando em todos os países do G10”, disse Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury.

Na quarta-feira, o Fed divulgará a ata de seu último encontro, quando decidiu pausar um intenso ciclo de aperto monetário, o que Moutinho descreveu como um dos destaques da semana, além da publicação, na sexta-feira, de um importante relatório de empregos dos Estados Unidos.

“A chave para o relatório do mercado de trabalho americano será se veremos algum indício de aceleração do crescimento dos salários, o que poderia fornecer suporte posterior ao dólar”, afirmou o analista.

Na última sessão, na sexta-feira, o dólar à vista fechou o dia cotado a 4,7891 reais na venda, com baixa de 1,19%.

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