Economia

Dólar oscila perto da estabilidade, de olho em alta de Treasuries e reforma tributária

Real voltará a patamar mais adequado se Congresso colaborar com agenda fiscal, diz Haddad

O dólar está oscilando bem perto da estabilidade nos primeiros negócios desta quinta-feira, 9. Os investidores repercutem a aprovação da reforma tributária em dois turnos no Senado, com margem apertada e bem desidratada, e estão atentos a ganhos discretos da moeda americana e dos rendimentos longos dos Treasuries no exterior, enquanto aguardam sinais de política monetária por dirigentes dos bancos centrais do Brasil, EUA e Europa.

A moeda americana subiu até R$ 4,9142 (+0,14%) nos primeiros negócios, acompanhando a valorização externa, e chegou a cair de forma pontual, em seguida, até R$ 4,9012 (-0,12%), com relatos de ingressos de fluxo comercial.

“Há ingresso de fluxo comercial de exportadores limitando alta da moeda americana puxada pelo exterior, porque esses players aproveitam a cotação acima de R$ 4,90 para fechar vendas”, diz o diretor Jefferson Rugik, da corretora Correparti. A aprovação da reforma tributária no Senado é positiva, mas pode ter sido parcialmente antecipada no câmbio nas últimas sessões e ainda tem nova etapa a vencer na Câmara, comenta.

O texto da reforma tributária teve 53 votos a favor – pouco mais que os 49 necessários para aprovar uma mudança constitucional – e 24 contra, tanto no primeiro quanto no segundo turno. Para conseguir os votos, o relator da reforma na Casa, senador Eduardo Braga (MDB-AM), teve de ceder em vários pontos.

Entre as mudanças, o Senado introduziu no texto uma trava para barrar o aumento da carga tributária – uma demanda do setor produtivo, temeroso de aumento dos impostos pelo governo federal, Estados e municípios com a mudança do sistema tributário -, e impôs a obrigatoriedade de revisão a cada cinco anos das chamadas exceções, que beneficiam uma longa lista de setores e atividades que conseguiram emplacar as suas demandas, sobretudo na reta final.

O economista-sênior da LCA e pesquisador associado do FGV-Ibre, Bráulio Borges, avalia que, mesmo distante do ideal, os efeitos macroeconômicos da reforma tributária são altamente favoráveis. “Mesmo excessivamente ‘desidratada’ ao longo da tramitação na Câmara e, mais recentemente, no Senado, a reforma tributária representa um avanço enorme para o Brasil”, escreveu Borges.

No foco desta quinta ficam o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que participa de evento em NY (10h40) e o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell (16h). Os diretores do BC Diogo Abry Guillen (11h), Gabriel Galípolo (16h) e Otavio Ribeiro Damaso (17h) também participam de eventos hoje. O Tesouro faz leilão de LTN e de NTN-F (11h).

Às 9h42, o dólar à vista tinha viés de alta de 0,01%, a R$ 4,9077, e o dólar para dezembro, a R$ 4,9205 (+0,03%).

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