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COLUNA-EUA ainda precisam de fortes vendas à China para sustentar exportação de soja

Por Karen Braun

FORT COLLINS, Colorado (Reuters) – As exportações de soja dos Estados Unidos têm tido ritmo historicamente fraco nos últimos meses, e embora as expectativas da indústria já sejam baixas, os embarques no acumulado do ano correm o risco de cair ainda mais sem novas encomendas da China.

Segundo dados publicados na terça-feira pelo Departamento de Censos dos EUA, o país exportou 2,57 milhões de toneladas de soja em março, uma mínima de cinco anos para o mês e queda de 31% em relação a igual período do ano anterior.

Os embarques à China totalizaram apenas 208.505 toneladas, representando o mês de março mais fraco desde 2002 e o menor volume para qualquer mês desde dezembro de 2018. A cifra contribuiu para que o acumulado das exportações para o país asiático em fevereiro e março registrasse o menor nível para o período desde 1999.

As exportações de soja dos EUA para a China melhoraram em abril, atingindo provavelmente as 400 mil toneladas, conforme sugerido por inspeções semanais de exportação. Ainda assim, seria o mais baixo nível para abril em quatro anos.

Os embarques dos EUA geralmente são fracos durante esta época, na qual o Brasil costuma concentrar todos os negócios, mas a guerra comercial sino-americana acarreta há quase dois anos padrões irregulares de compras pelos chineses.

O melhor cenário possível para o mês passado deixaria o acumulado de setembro a abril, os sete primeiros meses da temporada 2019/20, em cerca de 35,5 milhões de toneladas –ou 1,3 bilhão de bushels. O pior cenário fica cerca de 2% abaixo.

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A última estimativa do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) para as exportações de soja 2019/20 do país foi de 48,3 milhões de toneladas, ou 1,775 bilhão de bushels. Dessa forma, 12,8 milhões de toneladas teriam de ser embarcadas nos quatro últimos meses da temporada para que o melhor cenário possível fosse atingido, uma média de 3,2 milhões de toneladas por mês.

Esse seria o terceiro maior volume da história para o período de maio a agosto, atrás dos dois anos anteriores –logisticamente, portanto, não é algo irracional. Mas as vendas suficientes serão o obstáculo principal.

Vendas recordes dos EUA nos quatro meses finais de 2019/20 são possíveis, mas apenas a China tem o poder para fazer com que isso se concretize, especialmente diante dos compromissos assinados na fase 1 do acordo comercial.

No entanto, a maior compradora do mundo está prestes a ser inundada por soja do Brasil, que teve em abril um recorde mensal de exportações.

Além disso, pode não haver muito espaço para expansão das vendas a outros compradores –ao menos não o suficiente para que a escassez de aquisições pela China seja compensada. Os EUA embarcaram 20,6 milhões de toneladas de soja para destinos que não a China entre setembro e março, queda em relação ao volume atipicamente grande do ano anterior, mas uma notável alta em relação ao registrado em outros anos.