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2022 é ano de desaceleração, não de recessão, diz diretora do BC

A diretora de Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos​ do Banco Central, Fernanda Guardado, afirmou nesta terça-feira que 2022 é ano de desaceleração econômica, e não de recessão.

Ao participar de webinário promovido pela Aberj, ela afirmou que a autoridade monetária tem ciência das revisões para o Produto Interno Bruto (PIB) no vermelho feitas por “muita gente”, mas frisou que o BC tem “muita dificuldade” em ver esses números negativos para o ano que vem.

Guardado pontuou que o BC não trabalha com cenário de estagflação, já que vê crescimento positivo para o Brasil em 2022, com ajuda, por exemplo, do setor agropecuário e do setor de serviços, este último buscando seu “novo equilíbrio” após o impacto sofrido pela pandemia de Covid-19.

Segundo boletim Focus mais recente, a mediana das expectativas dos agentes econômicos é de avanço de 0,93% para a atividade no ano que vem e de 4,88% este ano. Alguns bancos grandes, como Itaú Unibanco e Credit Suisse, já preveem retração da atividade em 2022.

“Para 2021 a gente vê o mercado se aproximando mais do número do Banco Central, e quedas importantes nas projeções para 2022”, afirmou Guardado, após ter reforçado que a projeção do BC é de alta do PIB de 4,6%-4,7% em 2021.

No seu último Relatório Trimestral de Inflação, no fim de setembro, o BC previu uma alta do PIB de 4,7% neste ano e de 2,1% em 2022.

Ainda sobre as expectativas do mercado, Guardado reconheceu que as contas para a inflação têm sido ajustadas “consistentemente para cima” neste ano, com parte dessa inflação tendo algum impacto para 2022, ao mesmo tempo em que já há “aumento tímido” dos números para 2023 em relação à meta.

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No Focus, as estimativas são de IPCA em 9,77% em 2021, 4,79% em 2022 e 3,32% em 2023, em todos os casos acima das metas centrais de 3,75%, 3,5% e 3,25%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos.

Já o BC calculou IPCA de 9,5% para 2021, 4,1% para 2022 e 3,1% para 2023 em sua última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), no fim de outubro.

Também nesta terça-feira, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse que a autoridade monetária precisa ser realista quanto à piora da inflação, que aconteceu tanto em termos quantitativos quanto qualitativos.

Em relação à discussão sobre dominância fiscal, a diretora avaliou ser muito difícil dizer que o BC está sendo passivo e acomodando a política fiscal.

Segundo ela, isso seria acreditar que BC não vai colocar a taxa de juros no patamar necessário por conta de preocupação com a sustentabilidade com a dívida, sendo que esse quadro não é condizente com as ações que estão sendo efetivamente tomadas pela autoridade.

Desde março, quando iniciou o ciclo de aperto monetário, o BC já subiu a Selic em 5,75 pontos, ao patamar atual de 7,75% ao ano, tendo indicado que promoverá outro ajuste nos juros básicos em dezembro.